Condenado pela morte de Tim Lopes

Rio – A poucos dias do terceiro aniversário de morte do jornalista Tim Lopes, o homem que determinou a execução dele foi condenado pelo 1.º Tribunal do Júri a 28 anos e seis meses de prisão. O traficante Elias Pereira da Silva, mais conhecido como ?Elias Maluco?, deverá cumprir a sentença em regime fechado. A pena é pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Os advogados de Elias Maluco recorreram da decisão.

Os sete jurados, cinco mulheres e dois homens, ficaram convencidos de que o assassinato foi praticado por motivo fútil, por meio cruel e com recurso que tornou impossível a defesa da vítima, o que configurou o homicídio triplamente qualificado.

A promotora Viviane Henriques argumentou que ele teve o direito a ?um julgamento justo, conforme manda a nossa Constituição, com direito à defesa, exatamente o contrário do que fez com a vítima, a quem julgou e executou de uma forma terrível?. ?Hoje, ele está aqui de cabeça baixa, o tempo inteiro, porque não está em seu reduto, com o fuzil na mão?, afirmou.

Viviane mostrou aos jurados a espada com que Elias Maluco fez um corte no tórax de Tim Lopes. O advogado José Maurício Neville admitiu, durante a sessão – assistida por cerca de 300 pessoas, entre jornalistas e estudantes de Direito -, que o cliente é traficante de drogas, apesar de ele ter se declarado pintor de carros diante do juiz Fábio Uchôa. ?Ele é traficante, mas não matou Tim Lopes?, disse.

?Esse homem não é tudo o que falam. Ele não cometeu esse crime e não deveria estar sentado aqui?, alegou outro advogado de Elias Maluco, Célio de Carvalho Maciel. Segundo Maciel, o traficante estava ?emocionalmente abalado?. ?Ele acabou de casar-se (na sexta-feira, no Presídio Bangu 1, onde está preso) e até as fotos do casamento lhe foram negadas.?

Os argumentos não convenceram os jurados, que decidiram pela condenação por cinco votos a dois, no caso do homicídio (pena de 19 anos e seis meses de prisão), quatro a três, pelo crime de ocultação de cadáver (pena de três anos e pagamento de multa equivalente R$ 3.600,00), e seis a um, pela formação de quadrilha (pena de seis anos). Depois de passar o tempo todo de cabeça baixa, Elias Maluco levantou o rosto para ouvir a sentença. Ele não mudou a expressão facial ao saber da condenação.

Tânia Lopes, irmã do jornalista, comemorou. ?Foi satisfatório. A justiça foi feita. Estou indo para casa para levar a notícia, pessoalmente, à minha mãe.? Ela acompanhou todo o julgamento, assim como a viúva, Alessandra Wagner, que não fez comentários.

Nacif Elias, membro da Comissão Tim Lopes, formada pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio para acompanhar o caso, espera que a sentença seja cumprida, integralmente. ?A gente queria uma pena mais severa, mas não discutimos uma decisão da Justiça. Agora, ele tem de cumprir os 28 anos e seis meses, sem ter benefícios, assim como todos os outros.? No dia 14, serão julgados outros seis traficantes do bando de Elias Maluco: Ângelo Ferreira da Silva, Elizeu Felício de Souza, Reinaldo Amaral de Jesus, Fernando Satyro da Silva, Claudino dos Santos Coelho e Renato de Souza Paula. Outros dois denunciados, André da Cruz Barbosa e Mauricio de Lima Matias, morreram.

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