Rio – O exame de DNA realizado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli constatou que há sangue de duas vítimas da chacina no Gol prata que teria sido usado pelo soldado Carlos Jorge Carvalho, do 20.º BPM (Mesquita), um dos suspeitos da matança na Baixada Fluminense. As vítimas em questão são Francisco José Silva Neto, de 34 anos, e Marco Aurélio Alves, de 37, mortos num lava-jato, na Rua Carlos Sampaio, em Queimados.
O material, recolhido do carpete do carro, foi confrontado com as amostras de sangue de dez vítimas da chacina. O resultado parcial do exame havia revelado a suspeita da existência de sangue de quatro vítimas, mas apenas duas foram confirmadas. O Instituto Médico-Legal (IML) guardou material das 29 pessoas mortas, mas sangue só de dez vítimas. As outras tiveram pedaços de músculo ou fios de cabelo guardados para um possível exame de DNA. Esse teste é mais fácil de ser feito nas amostras de sangue.
As investigações apontam que os assassinos chegaram a andar entre os feridos para atirar naqueles que pareciam ainda estar vivos. Por isto, é maior a possibilidade de o sangue dessas vítimas ter sido levado para o interior do veículo através das solas dos calçados.
O soldado Carlos Jorge já admitiu que pegou o Gol prata emprestado com um amigo pouco antes da chacina de 31 de março. No carro, a perícia encontrou três cápsulas de balas de calibre .40, um chip de telefone Nextel e um selo de placa de carro rompido. Pelo exame de balística, descobriu-se que as cápsulas encontradas no carro foram deflagradas pela mesma arma de onde saíram as balas encontradas na Rua Geni Saraiva, na Posse, e na Rua Odilon Braga, em Queimados. O soldado Carlos Jorge e outros dez PMs suspeitos estão presos.
Ontem, a polícia apreendeu mais um carro que pode ter sido usado pelos criminosos no dia da chacina. É um Vectra branco que pertencia ao cabo Marcos Siqueira da Costa, um dos policiais que estão presos, acusados de participação no crime.
Familiares em Brasília
Familiares das vítimas da chacina que deixou 29 mortos na Baixada Fluminense protestaram no salão verde da Câmara, ontem, contra a violência policial na região. Eles usaram camisetas com as fotos dos parentes mortos, alguns cartazes pedindo paz e divulgaram uma carta pedindo providências das autoridades. Uma das camisetas dizia: ?Queimados pede paz?. Os 42 familiares, que vieram de ônibus do Rio, chegaram na manhã de ontem a Brasília, mas o encontro com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, que não está em Brasília, ficou para hoje de manhã. Um documento pedindo que a Polícia Federal continue acompanhando as investigações seria entregue ao Ministério da Justiça ainda ontem. O documento também pede a renovação da prisão temporária dos dez policiais suspeitos de participação no crime e que o governo tome uma atitude concreta para conter a violência na Baixada.