Brasília – Deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo se reuniram nesta quarta-feira (4) com o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi.
A finalidade inicial do encontro era para os deputados apresentassem à Anac 23 propostas para melhorar o atendimento aos usuários de transporte aéreo. No entanto, com a presença de representantes de outros órgãos e das companhias aéreas, a reunião serviu para que os principais responsáveis por administrar a crise do setor também dessem suas sugestões.
Segundo o presidente da CPI, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), a principal providência acertada é que a Anac vai implementar um novo sistema de informação aos usuários. Ou seja, as empresas aéreas serão responsáveis por informar os passageiros sobre quaisquer problemas, bem como sobre as providências adotadas.
Em contrapartida, acrescentou o deputado, a Anac terá que fornecer informações precisas às companhias. A diferença é que hoje, com a atuação paralela da Anac, da Infraero (responsável pelos painéis eletrônicos dos aeroportos) e das empresas que se relacionam diretamente com os usuários, é quase impossível responsabilizar alguém pela falta de informações.
Castro também disse ter sido informado de que o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, teria autorizado um estudo para instalar, em diversos aeroportos, equipamentos para permitir que aviões decolem mesmo com neblina.
O deputado afirmou que, embora seja simples, a mudança no sistema de informação vai demorar algum tempo. Apesar de otimista com a reunião de hoje, Castro criticou a demora das autoridades do setor implementarem ações que amenizem os transtornos causados por atrasos e cancelamentos de vôos.
?A crise do setor aéreo não começou hoje. Ela tem dez meses. Nos causa estranheza que essas providências que estamos sugerindo não tenham sido adotadas ainda?.
Segundo ele, apesar de algumas divergências, Aeronáutica, Anac, Infraero e companhias aéreas agora estão dialogando para encontrar uma solução. Um dos pontos conflitantes, disse Castro, é a redução no número de vôos durante os horários de pico.
?As companhias querem que a concentração continue, mas evidente que isso não pode continuar desta maneira. Tem de haver uma desconcentração?.
O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, José Marcio Mollo, discorda. Ele disse que, em princípio, as empresas são contrárias tanto a mudanças na malha aeroviária quanto à diminuição da quantidade de vôos.
Segundo Mollo, graças à compra de aviões capazes de transportar um maior número de passageiros, as companhias operam hoje com um número menor de aeronaves e, portanto, com número inefrior de pousos e decolagens.
?Não entendemos o porquê disso. Esse não é um problema criado pelas empresas, mas pela falta de investimentos na infra-estrutura aeroportuária?.
Na avaliação dele, qualquer mudança na forma como o tráfego aéreo está organizado prejudicaria não apenas as companhias como os passageiros, já que o preço das passagens iria aumentar. ?Voltaríamos à antiga situação, quando apenas alguns poucos privilegiados podiam viajar de avião?.
