O comitê anticrise que monitora a estiagem do Sistema Cantareira rejeitou neste mês uma proposta feita pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em abril que não previa nenhuma redução significativa no volume de água retirado do principal manancial paulista para abastecer cerca de 7,3 milhões de pessoas na Grande São Paulo até o fim de novembro. Em comunicado do dia 16 de maio divulgado apenas nesta terça-feira, 27, o grupo técnico liderado pela Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista, recomendou que a concessionária faça uma “reavaliação de suas projeções de operação do sistema” utilizando “um cenário mais desfavorável de afluências” ao Cantareira.

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Neste mês, o volume de água que tem chegado ao sistema equivale a somente 20% da média histórica do mês. Conforme o Estado revelou no dia 24, o déficit de água do Cantareira subiu 71,5% em maio em relação ao mês anterior, o que deve gerar um prejuízo de 46 bilhões de litros no sistema. Na média, a Sabesp tem retirado 20,5 mil litros por segundo das represas. Antes da crise, a captação girava em torno de 30 mil litros por segundo. “Ressalte-se, que este cenário deve ser reavaliado, no mínimo, a cada quinze dias pela Sabesp, para que a mesma possa operar com as informações sobre as vazões afluentes ao sistema, as mais próximas das verificadas a cada momento, com vistas a garantir condições mínimas operacionais ao sistema até a data de 30 de novembro de 2014, proposta como referência para o horizonte de curto prazo de planejamento da utilização do estoque de água disponível no Sistema Cantareira”, informa o comunicado.

O documento é assinado por técnicos da ANA, do DAEE, das bacias Alto Tietê e dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e pelo diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato. Nele, os técnicos recomendam a aprovação do plano da concessionária para utilizar os 182,5 bilhões de litros do “volume morto” do sistema. A reserva profunda começou a ser captada no dia 15 de maio. Nesta terça-feira, o nível do sistema está em 25,4% da capacidade, com o estoque adicional, de acordo com a Sabesp. Segundo o comunicado, no relatório “Operação Emergencial do Sistema Cantareira”, apresentado no dia 17 de abril, a Sabesp propôs retirar dos quatro principais reservatórios do manancial entre 22,4 e 22,9 mil litros por segundo do sistema entre maio e setembro. Apenas em outubro, a companhia reduziria a vazão para 20,9 mil litros por segundo e, em novembro, aumentaria para 21,4 mil litros por segundo.

Pelas projeções feitas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), a nova capacidade de água do Cantareira será suficiente para garantir o abastecimento da Grande São Paulo “até o início das próximas chuvas”, que tradicionalmente ocorrem a partir de outubro. Tanto Alckmin quanto o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, afirmam que as projeções foram feitas com base no cenário mais pessimista de chuvas. Agora, porém, o comitê anticrise afirma que é precisar considerar condições mais desfavoráveis para planejar o uso do manancial. Procurada pelo Estado, a Sabesp ainda não se manifestou a respeito. A definição da nova vazão liberada para a companhia em junho ainda está sendo debatida entre os técnicos dos órgãos envolvidos.

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