Comitê do PT em São Paulo vive clima de vitória

No comitê Lula Presidente, na Vila Mariana, o entra-e-sai da militância bem-humorada, os telefones que tocam sem parar, o vaivém da turma de serviço e o sucesso de vendas da loja de artigos do PT revelam um indisfarçável clima de “já ganhou”. Na porta que dá acesso aos gabinetes dos cardeais do partido e do pessoal da mobilização, havia hoje (25) uma mensagem: “Faltam dois longos dias para um Brasil decente”.

Lula vai ganhar? “Meu filho, a vitória é tão certa que segunda-feira a Paulista é do PT e não tem pra ninguém”, dizia, eufórica, a técnica de enfermagem Roseli Celestina Costa, de 35 anos. Funcionária do Hospital do Servidor Público e da prefeitura de Guarulhos, “deu uma fugida” às 12h55, disposta a adquirir material de campanha para ela, o marido – vendedor – e os dois filhos, de 14 e 12 anos.

Apoiada no balcão de vidro da loja, montada à esquerda de quem entra no comitê, Roseli foi pedindo: “Quero 15 buttons, 1 chaveiro, 4 camisetas”. Empolgou-se com a bandeirona de tecido sintético. “Me vê uma também!” Enquanto preenchia o cheque – R$ 41 -, ia divagando: “Tanto tempo pra gente chegar aonde chegou”.

Estrela

Ao lado de Roseli, a gerente administrativa Vânia Vasconcelos contentou-se apenas com um button, a estrela vermelha do PT, que prendeu no peito do filho Thiago, de 1 ano e 7 meses. “Sou de Santo André, estava de passagem por aqui e aproveitei para conhecer”, disse, acompanhada da enteada, Amanda, de 9 anos. “Não tenho dúvidas de que o Lula vai ser o presidente.”

O auxiliar administrativo Airton Guedes Nogueira, de 33 anos, que trabalhou na campanha do vereador Italo Cardoso, eleito deputado estadual com 92 mil votos, gastou R$ 83 na loja do PT. Levou 20 camisetas, 10 bonés, 400 buttons, 180 estrelas a R$ 0,10 cada. Interessou-se também pela “bandeira na promoção” – R$ 5 cada. Pediu 3. “Vou distribuir na família e com os amigos.”

Os quatro funcionários da loja não davam conta. Um segurança teve de controlar a freguesia na entrada para evitar tumultos. A bibliotecária Irene de Oliveira levou buttons redondos e retangulares e um lote de bonés, aproveitando o bom preço. “R$ 1 cada? Me dê 20.”

Irene ria à toa. “Não sou filiada ao PT, mas estou na militância porque simpatizo muito com esse partido.” Lula na Presidência? “Chegou a hora do Lula, isso ninguém tira mais.” Ela não acreditava que o debate à noite poderia alterar o quadro. Antes de se retirar, Irene separou 30 estrelinhas em um saco plástico: “É só para os mais chegados”.

Veteranos

Todos esses dias têm sido assim no prédio de dois andares da Rua José de Magalhães, 340, que antes de virar comitê abrigou uma faculdade. Fila dupla de carros em frente e uma movimentação frenética na recepção – pelo menos 150 empresários, estudantes, advogados e jornalistas chegando para visitar as equipes de apoio e os secretários de mobilização, Francisco Campos, e de organização, Silvio Pereira, que hoje promoveram demorada reunião para cuidar de detalhes finais da campanha. A cúpula do partido estava fora – acompanhando Lula no debate no Rio.

Na quinta-feira, dois veteranos das greves do ABC encontraram-se no comitê. Empolgados, José Ferreira da Silva, o Frei Chico – irmão de Lula – e Djalma de Souza Bom ex-tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema -, falaram sobre o movimento histórico, as greves nas montadoras no fim dos anos 70. “O Lula não queria entrar no sindicato, ele achava que ninguém prestava”, conta Frei Chico. “Ele não queria saber de política”, revela Bom.

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