O comitê anticrise criado para monitorar a situação do Sistema Cantareira aponta em seu primeiro relatório que, no pior cenário de estiagem, a água do principal manancial que abastece a Grande São Paulo e a região de Campinas pode acabar no fim do mês de agosto.
Por causa do baixo nível do reservatório, que nesta quarta-feira, 19, atingiu 18,2% da capacidade, o grupo recomenda à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que defina um plano emergencial para eventual uso do “volume morto” (fundo dos reservatórios) durante o período comum de estiagem, no meio do ano.
Coordenado pela Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (Daee), do governo paulista, o grupo conta também com a participação da Sabesp e dos comitês de bacias do Alto Tietê, que abastece a Grande São Paulo, e dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abastece a região de Campinas.
O relatório traça três cenários possíveis para o Sistema Cantareira com base em simulações de quantidade de chuva e captação da água do manancial que consideraram diferentes índices dentro da série histórica de precipitações entre 1930-2013 e as retiradas mensais entre 2012 e 2013 para a Grande São Paulo e PCJ. Nas três hipóteses, o nível do Cantareira já estará em 16,4% no dia 1.º de março.
“Os resultados das simulações indicam que: a) no Cenário 1, o volume útil atingido será de 17% em novembro de 2014, encerrando o ano com 21%; b) no Cenário 2, em novembro de 2014, o volume útil é reduzido a 3% chegando ao final de dezembro com 5%; e c) no Cenário 3, o volume útil se esgota ao final de agosto de 2014, requerendo, portanto, a utilização do volume morto a partir de então”, afirma o relatório.
No pior cenário, o comitê anticrise considerou as médias mensais de chuva do pior ano de história, que foi 1953. “Em razão das incertezas inerentes aos cenários futuros e da avaliação apresentada sobre a severidade da atual escassez hídrica, o GTAG-Cantareira recomenda à Sabesp que ela defina um plano emergencial de intervenções necessárias para o eventual aproveitamento de volumes disponíveis nos reservatórios do Jacareí e do Atibainha situados abaixo dos níveis mínimos operacionais (volume morto), a ser implementado no caso do prolongamento da situação de baixas vazões afluentes ao sistema equivalente”, diz o relatório.