Comissão quebra o sigilo de 12 corretoras

  José Cruz / Agência Senado
José Cruz / Agência Senado

Reunião da comissão que conseguiu
fazer alguma coisa depois de duas semanas no impasse.

Brasília – Depois de duas semanas sem conseguir acordo para qualquer deliberação, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios aprovou ontem a quebra do sigilo bancário de 12 corretoras que operaram recursos dos fundos de pensão, incluída a Bônus-Banval Corretora de Câmbio.

A quebra de sigilo alcança outras três empresas que compõem o grupo Bônus-Banval (Commodities; Participações; e Empreendimentos), além dos controladores da empresa, Breno Fischber e Emivaldo Quadrado. A CPI determinou ainda a transferência do sigilo bancário, fiscal e telefônico do doleiro Najun Turner, de sua empresa, a Natimar e de sua mulher, Deusa Maria Costa Silva, que recebeu recursos da Bônus-Banval.

A empresa fez pagamentos a deputados do PL. Turner ficou nacionalmente conhecido em 1992 por ser um dos artífices da chamada ?Operação Uruguai?, nome dado a empréstimo de US$ 5 milhões utilizado pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello para justificar gastos de campanha. Preso desde março deste ano, Turner foi condenado a 10 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro nacional.

Os integrantes da CPMI aprovaram ainda a convocação do doleiro Alberto Youssef; do ex-presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos João Henrique de Almeida Souza; do presidente da empreiteira GDK, César Oliveira; e do diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme de Oliveira Estrella. Enquanto Estrella deverá explicar o superfaturamento em contratos fixados pela estatal, Oliveira irá esclarecer os motivos que o levaram a dar de presente ao ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira um jipe Land Rover que custa mais de R$ 70 mil.

A CPI ainda aprovou o depoimento do ex-presidente do IRB Brasil Resseguros Lídio Duarte e a quebra de sigilo da empresa Beta (Brazilian Express Transportes Aéreos), de seus dirigentes, Ioannis Amerssonis, Marli Pasqualeto Amerssonis e de Antônio Augusto Morato, da Transmodal. A Beta e a Skymaster estão sendo investigadas – ambas são empresas de transporte aéreo e operavam para os Correios – por terem superfaturado contratos assinados com a estatal. A Aeropostal Brasil Transporte Aéreo e seu sócio-controlador, Roberto Kfouri, também tiveram os sigilos bancário, fiscal e telefônico abertos.

Os parlamentares aprovaram requerimento pedindo informações sobre os sócios do Opportunity Fund, para verificar se realmente há cotistas brasileiros, o que é proibido. Também pediram que a Polícia Federal repasse as informações contidas no hard disc apreendido na sede do Opportunity durante a Operação Chacal.

Pressão

A CPMI, porém, não deverá ter nenhuma audiência hoje, pois o doleiro Dario Messer, que deveria depor, não tinha sido encontrado até o início da noite de ontem. ?Nada como a pressão dos meios de comunicação para minimizar o abafão?, disse a senadora Heloísa Helena (Psol-AL). Além de 11 corretoras, os integrantes da CPMI também aprovaram a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de todo o conglomerado da corretora Bônus Banval (são mais quatro empresas) e de seu dono Enivaldo Quadrado. A Bônus Banval foi a corretora que fez pagamento do PT ao PL.

Preocupados com a má repercussão diante da manobra para esvaziar a CPMI dos Correios nas últimas semanas, os parlamentares da base aliada mantiver o quórum durante toda a sessão e aprovaram, em votação simbólica, a convocação de César Oliveira, dono da empresa de engenharia GDK, e de Guilherme Estrella, diretor de exploração e produção da Petrobras. A GDK foi a empresa que deu um jipe Land Rover para o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira. ?Estava há quatro semanas tentando aprovar esses requerimentos?, observou o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). Ele protagonizou o único momento tenso hoje na CPMI dos Correios, em um rápido bate-boca com a senadora Ideli Salvati (PT-SC) sobre a convocação do doleiro Adalberto Youssef. Ideli só aceitou aprovar a convocação do doleiro caso fosse aprovada a remessa, pelo Banco Central, da cópia de todos os empréstimos feitos por Marcos Valério para sua empresas e outras pessoas. Com esse pedido, a senadora petista espera encontrar algo que envolva o PSDB.

Conheça as empresas visadas

As empresas são: EliteCorretora de Câmbio e Valores Mobiliários; Sociedade Corretora Paulista S/A (Socopa); Agenda Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários; Millenium Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários; Click Trad Corretora de Valores Mobiliários; Dillon S/A Distribuidora de Títulos Mobiliários; Quantia Distribuidora de Títulos Mobiliários; Nominal Distribuibodra de Títulos e Valores Mobiliários; Euro Distribuidora de Títulos e Valores Mobliários; Walpires S/A; e Planer Corretora de Valores S/A.

A comissão votou ontem cerca de 50 requerimentos, de uma lista com aproximadamente 400 pedidos. Entre eles, foi aprovada a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da corretora Bônus Banval e dos sócios Breno Fischber e Enivaldo Quadrado.

Além da quebra de sigilos, a CPMI aprovou requerimentos importantes, como o compartilhamento das informações referentes à quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico dos fundos de pensão Funcef, Geap, Petros, Eletros, Centrus, Real Grandeza, Serprus, Postalis, Portus e Previ, já obtidos pela CPMI da Compra de Votos.

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