Londres (AE) – A IPCC, comissão independente que investiga a morte de Jean Charles de Menezes, afirmou ontem que possui todos os vídeos gravados pelas câmeras da estação de metrô de Stockwell nos momentos que antecederam o incidente no dia 22 de julho. Mas os emissários brasileiros enviados a Londres para acompanhar as investigações afirmaram, após se reunirem com diretores da IPCC, ter sido informados que algumas câmeras não estavam funcionando por estarem quebradas.
?Estou confiante que temos todos os vídeos mas como eu já disse em muitas ocasiões, não vamos acreditar em nada até que tenhamos verificado tudo com independência?, disse o presidente da IPCC, Nick Hardwick. Segundo ele, os vídeos em posse dos investigadores estão sendo ?cruciais? para o inquérito. Hardwick afirmou que não há razão para suspeitar que alguns vídeos ou qualquer outra evidência tenham sido retidos pela polícia mas admitiu que o atraso no início dos trabalhos de sua investigação ?causou preocupação?.
Durante um encontro com Hardwick, os três emissários especiais do governo brasileiro – o vice-procurador-geral da República, Wagner Gonçalves; o diretor da área internacional do Ministério da Justiça, Márcio Garcia, e o diretor do departamento de brasileiros residentes no Exterior do Itamaraty, embaixador Manoel Gomes Pereira – pediram para ver os vídeos, mas não foram atendidos. Hardwick afirmou que as imagens deverão ser exibidas aos familiares de Menezes, mas não deixou claro se após isso as disponibilizará aos representantes do governo brasileiro.
?Ele nos informou que partes dos filmes não existem porque algumas câmeras estavam avariadas, o que para ele não foi uma surpresa?, disse Gomes Pereira.
Em contraste às suas declarações da terça-feira, os emissários evitaram ontem manifestar confiança na investigação que está sendo promovida pelas autoridades britânicas. ?Estamos coletando informações, ainda precisamos digeri-las para chegar a conclusões?, disse Gomes Pereira numa entrevista à imprensa que atraiu um número de jornalistas muito inferior ao do dia anterior. ?Houve uma pessoa morta, houve tiros, e alguém terá de certa maneira de ser responsabilizado por isso.? Segundo ele, a família de Menezes e o governo brasileiro ?merecem? que o caso seja esclarecido. ?Não podemos terminar sem respostas e vamos acompanhar todo o processo, passo a passo?, disse.
Os emissários se reuniram também com a advogada da família, Gareth Peirce, e representantes do Crown Prosecution Service, equivalente britânico ao Ministério Público brasileiro.
Mobilização popular barra expulsão de brasileira e seu filho da Suíça
Genebra (AE) – Um abaixo-assinado com 3 mil nomes e a intervenção de vereadores levaram o governo suíço a desistir da expulsão de uma brasileira e seu filho. Eles conseguiram visto de permanência. Mônica, de 35 anos, trabalha em um restaurante da zona industrial de Genebra e vivia de forma ilegal no país, com o filho de 18 anos.
Há poucos meses o governo decidiu expulsar os brasileiros. Mônica recebeu em dezembro de 2003 um comunicado do governo informando que teria de deixar o país após a morte de seu marido, um suíço. Para que ela pudesse permanecer na Suíça teria de ter sido casada por mais de cinco anos. Quando o marido de Mônica morreu eles estavam no quarto ano de casamento.
Reação
A decisão de expulsar a brasileira provocou reação entre as pessoas que trabalham com ela. Elas buscaram apoio de alguns políticos. Uma petição foi então entregue em fevereiro deste ano ao Grande Conselho de Genebra (espécie de Câmara de Vereadores) informando os políticos sobre o comportamento exemplar da brasileira.
O documento mostrava como Mônica e seu filho estavam totalmente integrados à sociedade suíça. Já a embaixada do Brasil em Berna afirmara que nada poderia fazer quanto às leis suíças e sua aplicação.
O Escritório de Imigração da Suíça havia decidido expulsar a brasileira e seu filho. Mas diante da pressão política o Departamento de Justiça do país aceitou rever o caso e dar um visto de permanência aos dois brasileiros. Para resguardar a privacidade da brasileira nem seu nome completo nem sua origem no Brasil foram revelados. ?Não podemos dar essa informação pois se trata de questões privadas?, afirmou um porta-voz do governo suíço.