Por causa da morte do traficante Carlos Alberto Januário Pedro, o Gordo, criminosos do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, determinarem hoje o fechamento do comércio nas ruas de acesso à favela. Pedro foi morto em tiroteio com a Polícia Civil, na quarta-feira (09), durante operação para cumprir 12 mandados de prisão. Vinte suspeitos foram presos.
Hoje pela manhã mensageiros do tráfico no morro passaram em frente às lojas das redondezas e ameaçaram os funcionários, caso não fechassem as portas. ?Fecha, senão você vai se prejudicar!?, gritou um rapaz armado com uma pistola, de carona em uma moto, para o dono de uma loja de material de construção. ?Deixo de ganhar R$ 500 por dia com isso?, disse o comerciante.
Cerca de 150 PMs foram destacados para fazer a segurança na área, mas não tiveram praticamente nenhum trabalho. Do outro lado da rua, uma senhora, vendedora de artigos religiosos, também se preparava para ir para casa, às 11h. ?Já é a terceira vez nesta semana, não é possível desse jeito. Só esses dias equivalem ao aluguel da loja. E o pior é que os clientes ficam sem uma coisa de primeira necessidade?, afirmou. ?A Polícia Militar não adianta nada. Hoje eles estão aqui, e amanhã??, questionou a filha dela.
O comerciante Antonio Carlos Oliveira, que investiu R$ 2 mil para alugar um estabelecimento na avenida Paranapuã, em frente ao morro, já pensa em desistir do negócio, depois de um mês. ?O movimento é muito fraco normalmente, ainda acontece isso a toda hora. Ontem, vendi R$ 5; hoje, ganhei só R$ 1?, contou.
Casa de 1 milhão – Gordo era um dos chefes do tráfico na favela. Contra ele havia oito mandados de prisão, por homicídio, tráfico de drogas e formação de quadrilha. No início deste ano, a polícia havia descoberto uma luxuosa mansão mantida pelo criminoso no município de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, que vale R$ 1 milhão. No imóvel havia chafariz, banheira de hidromassagem e eletrodomésticos modernos.
A operação da Polícia Civil no Dendê contou com 300 agentes. A polícia acredita que, com a morte de Gordo e a prisão de Marcelo Silva Figueiredo, o Charrão, de 21 anos, o tráfico na favela esteja sem comando. A Justiça já havia expedido seis mandados de prisão contra ele, com as acusações de homicídio e tráfico de drogas. Além das prisões, foram apreendidos quatro carros, duas motos e cargas de cerveja e refrigerante. As bebidas seriam usadas numa festa promovida por traficantes da favela.
A polícia voltará ao morro para cumprir os outros mandados de prisão.