Começou por volta das 13h40 desta quinta-feira, 1, o depoimento do ex-comandante da Rota, Salvador Modesto Madia, ao júri do Carandiru. O julgamento está em seu quarto dia e a expectativa é que a sentença seja dada nesta sexta, 2. Madia é o último réu a ser interrogado.
Após uma hora do início do seu depoimento, o tenente-coronel seguia respondendo as perguntas do juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo. Madia relatou as discussões das autoridades civis e militares antes da invasão da PM no Carandiru. “Falando assim, 21 anos depois, parece simples. Mas é uma situação de adrenalina, extremamente dinâmica”, afirmou aos jurados.
O ex-comandante definiu que a Rota é uma “tropa é de reação, para atuar em situações adversas”. Assim como os réus ouvidos nessa quarta, 31, Madia disse que os detentos entraram em confronto com os policiais. De acordo com ele, “havia vários policiais feridos”, entre eles o major Marcelo Gonzales e o coronel Válter Alves Mendonça, que prestaram depoimento nessa quarta-feira.
Nesta etapa, 25 PMs são acusados de matar 73 detentos no 2º andar do Pavilhão 9 do complexo penitenciário. Madia tentou se esquivar dos questionamentos do juiz sobre o número de detentos mortos na operação. “Cada vez que a gente estima [o número de presos mortos], está muito sujeito a errar”, ponderou. Segundo o réu, houve entre oito a doze mortos durante os embates no corredor e, dentro das celas, a quantidade de cadáveres era entre quinze e vinte. Ao todo, 111 presos morreram em outubro de 1992.