Brasilia
– Sobreviventes da guerra eleitoral, deputados e senadores se preparam para uma outra batalha, que pode ser tão ou mais violenta do que a que provocou a implosão da base governista há dois anos: a briga por espaço no Congresso.A disputa por poder no Parlamento – seja por um lugar às mesas da Câmara e do Senado, ou por uma vaga no comando dos partidos – afeta não só o vitorioso PT, mas especialmente os que foram derrotados na disputa pela Presidência da República.
Sob o risco de desidratar longe do governo, PMDB, PFL e PSDB ensaiam movimentos num delicado xadrez que requer um primeiro lance do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
O momento é de Lula – afirma o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP). -É a vez de Lula – endossa o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Não foi à toa que os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PSDB-RR) decidiram passar o fim de semana em Brasília. Líder do PMDB no Senado, Renan monta uma estratégia para conter o avanço de José Sarney (PMDB-AP), candidato à presidência da Casa. Segundo cálculos de aliados do próprio Renan, Sarney teria hoje pelo menos 45 votos no Senado, contabilizados senadores do PSDB, do PFL e de toda a oposição.
PMDB
Renan tenta, portanto, inviabilizar a candidatura de Sarney dentro da bancada. – O nome do candidato tem que ser uma decisão da bancada – repete Renan, que, assim como Sarney, não faz outra coisa que não seja procurar senadores da bancada e de outros partidos. Ainda dentro do PMDB, as candidaturas de Sarney e Renan podem sofrer um revés: o lançamento da candidatura de Michel Temer à Presidência da Câmara. A hipótese, apesar de remota, aconteceria num cenário de união entre PMDB e PFL pelo comando do Congresso.
Também dentro do PMDB, outra disputa: pela liderança da Câmara. Líder do partido desde 1997, Geddel Vieira Lima (BA) tem em seu encalço o deputado Eunício Oliveira (CE), que se aliou ao PT no segundo turno da disputa pelo governo do Ceará. Jucá, por sua vez, disputa com o companheiro Arthur Virgílio (PSDB-AM) a liderança do partido no Senado. É por isso que preferiu dedicar o fim de semana a articulações em Brasília.