Brasília
– A violência e a sexualidade, dois temas normalmente explorados pela televisão brasileira, estão na mira das autoridades. A partir de agora, 70 psicólogos em todo o país vão analisar a programação das emissoras de televisão e emitir pareceres técnicos sobre o conteúdo dos programas exibidos. Só em São Paulo 45 psicólogos estarão de olho na programação da televisão.Para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara e o Conselho Federal de Psicologia (CFP), parceiros contra a baixaria na televisão, os excessos da programação prejudicam principalmente as crianças e os adolescentes.
De acordo com dados de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 61 milhões de crianças e adolescentes na faixa etária até 18 anos. São esses jovens que preocupam os especialistas da campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania”, que tem por objetivo melhorar a qualidade do que se assiste na televisão. “As crianças e os adolescentes estão sendo cada vez mais expostos a programas que ferem o Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirma Ricardo Moretzsohn, secretário de Comunicação do CFP.
Para Cleide Souza, coordenadora técnica do Conselho Federal de Psicologia, dos problemas que as crianças podem ter em função de estarem expostas à violência excessiva mostrada nas televisões, “a agressividade é conseqüência mais devastadora”. A psicóloga lembrou que a deturpação dos valores gera alterações comportamentais e atrapalha o desenvolvimento da criança e do adolescente.
O deputado federal Orlando Fantazzini (PT/SP), coordenador da campanha contra a baixaria, disse que já podem ser encontrados resultados dessa luta por melhores programas. “O Governo do Distrito Federal, por exemplo, não faz mais propaganda nos intervalos de programas policiais”, diz. O deputado conta ainda que a Petrobras e a Caixa Econômica Federal (CEF) também não firmaram contrato de patrocínio com o Programa do Gugu, considerado baixaria.
Além dos efeitos psicológicos, as crianças e adolescentes podem também ter outros problemas de saúde. “Em curto prazo, podem sofrer de hiperatividade, ansiedade, distúrbio do sono e obesidade, para citar alguns”, enfatiza a pediatra Adriana Lobo.
A médica citou situação crítica de crianças que roem até as unhas dos pés de nervosismo. Ela alertou que assistir programas violentos pode deixar a criança com tanto medo que passa a ter pesadelos e a ranger os dentes. Adriana lembrou que a puberdade está cada vez mais precoce, que as meninas querem se tornar mulheres antes do tempo. Ela atribuiu esse problema também à televisão, com o exagero de programas que despertam a sexualidade muito cedo.
Todos podem denunciar programas de televisão que considerar abusivo. Para isso, basta ligar para 0800 619619 ou acessar o site www.eticanatv.org.br ou ainda, nas agências dos Correios, postar uma “Carta Cidadã” para a Comissão Nacional dos Direitos Humanos, na Câmara.
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