O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Benedito Meira, descartou a possibilidade da participação de facções criminosas na morte de cinco pessoas na casa de PMs, na Brasilândia, zona norte de São Paulo. Um casal de policiais militares, seu filho de 12 anos e mais dois parentes foram encontrados mortos a tiros, no início da noite dessa segunda-feira, 5. “Já descartamos a hipótese de um ataque de uma facção”, disse o comandante, que esteve no local do crime.
Conforme policiais revelaram à reportagem, o estado de rigidez cadavérica dos corpos pode indicar que o crime tenha ocorrido na manhã de segunda. A perícia inicial revelou que cada vítima foi atingida por um tiro, na cabeça, com uma arma de calibre 40. Essa arma estava por baixo do corpo do filho do casal. Não foi encontrado nenhum outro cartucho de arma que pudesse ter sido usada no crime.
Luiz Marcelo Pesseghini era sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e estava na corporação há 19 anos; sua mulher, Andreia Regina Bovo Pesseghini, era cabo da 1ª Companhia do 18º Batalhão da Polícia Militar, com base na Freguesia do Ó, também na zona norte, e era PM há 16 anos. Também foram mortas a mãe de Andreia, Benedita de Oliveira Bovo, de 65 anos, e uma irmã dela, Bernardete Oliveira Silva, de 56, que ocasionalmente dormia na mesma casa. O menino, de 12 anos, Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, foi encontrado com um tiro do lado esquerdo da cabeça.
O sargento da Rota entraria às 5h de segunda no trabalho e a mulher, às 9h. Como ela não foi à companhia, um oficial foi checar na residência, mas pensou que não havia ninguém em casa. À tarde, policiais voltaram à casa, pularam o muro e encontraram a porta entreaberta. Perto da entrada estava a mochila de Marcelo e, dentro dela, um revólver calibre 32.
O carro Corsa Classic da família não estava na garagem. Ele foi encontrado estacionado na frente do colégio em que o garoto estuda, uma escola particular na zona norte. Anotações na agenda do menino indicam que ele foi à escola na manhã de ontem. A polícia agora tenta estabelecer a cronologia do caso.
A Polícia foi acionada por volta das 18h30. Cerca de 20 viaturas e 60 homens, entre soldados da PM e investigadores da Polícia Civil, estiveram no local. Além do coronel Meira, o comandante do Policiamento de Choque (que inclui a Rota), o coronel da PM César Augusto Franco Morelli, esteve na residência. A rua chegou a ser interditada e ficou cercada de vizinhos e curiosos.
Cena do crime
A residência é formada por duas casas. Numa delas, foram encontrados os corpos do sargento, de sua mulher e do filho. Pesseghini estava deitado na cama, a mulher de joelhos, com o dorso para frente. As outras duas mulheres foram encontradas na outra casa, deitadas cada uma em uma cama e cobertas. Ainda são analisadas diversas hipóteses, incluindo a de um crime familiar, seguido de suicídio.
Na sexta-feira, a prisão de tesoureiros do crime organizado em São Bernardo do Campo fez com que as Polícias Civis e Militar divulgassem um alerta sobre possíveis retaliações. Mas ninguém havia confirmado esta hipótese na noite dessa segunda. Os corpos só foram retirados no final da noite pelo Instituto Médico-Legal (IML).