Brasília – O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, anunciou nesta segunda-feira (4) três metas para melhorar o controle do tráfego aéreo. A principal delas, segundo ele, é elevar à patente de capitão os sargentos que hoje são controladores de vôo. Com isso, explicou, o salário aumentaria e isso evitaria que eles fossem buscar outras atividades na área militar.
O anúncio foi feito durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, do Senado Federal, onde o relator, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que o número de capitães é inferior aos 2 mil controladores em atividade ? o ideal, acrescentou, seriam pelo menos 3 mil militares nas torres de comando.
Saito respondeu que é preciso ter nível superior para melhorar a patente, por isso nem todos poderão ser promovidos, e explicou que hoje a formação dos controladores se dá por meio de concursos públicos. "Antes de assumir a atividade eles passam três anos estudando, ainda como auxiliares", acrescentou.
O comandante negou que haja sobrecarga de trabalho, apontada como um dos motivos para que os controladores não se mantenham na profissão. A jornada de trabalho soma 156 horas mensais, enquanto a recomendação internacional é de 120 horas mensais. Na semana passada, em depoimento à Comissão, o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos, que trabalha na torre em Brasília, disse que controlava outros quatro aviões, além do jato Legacy, no dia do acidente com o Boeing da empresa Gol, em setembro passado.
Segundo Juniti Saito, "é normal controlar até 14 aeronaves e isso não pode ser alegado como causa do acidente". Os 22 milhões de quilômetros quadrados do espaço aéreo brasileiro são controlados por 5.877 equipamentos de navegação e radar.
O comandante da Aeronáutica informou que as outras duas metas são a continuidade do reaparelhamento e a modernização dos radares.
O Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) 1, que controla Brasília, Rio de Janeiro, SãoPaulo e Porto Alegre, é responsável por 60% do tráfego brasileiro. O país possui hoje 12 mil militares trabalhando no tráfego aéreo e outros mil funcionários da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
O espaço aéreo brasileiro foi controlado por apenas três radares até a década de 70, quando passou a funcionar o Cindacta 1. Em 2005 foi instalado o Cindacta 4, que cobre toda a região Amazônica.
