Comandante aponta contradição em informações de piloto do Legacy

 O comandante do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo 4 (Cindacta 4), coronel-aviador Eduardo Antônio Carcavallo Filho, presta depoimento nesta terça (3) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados. Ele relatou há pouco os primeiros contatos telefônicos feitos com o piloto do jato Legacy Joseph Lepore, logo após a colisão do jato com a aeronave da Gol, em setembro do ano passado.

De acordo com Carcavallo, no primeiro telefonema, Lepore afirmou que o sistema anticolisão estava desligado no momento do acidente. No segundo telefonema, ele teria voltado atrás e dito que o sistema estava ligado. Lepore conversou com o coronel-aviador após pousar na Serra do Cachimbo, área monitorada pelo Cindacta 4.

"Quando me chamaram, eu estava na minha sala administrativa. Me passaram as informações iniciais e eu liguei para o Cachimbo. O Legacy já tinha pousado. Perguntei se o TCAS [Sistema para Evitar Colisão Durante o Vôo, na sigla em inglês] estava desligado. Não fiz pergunta em relação ao transponder. Mas são equipamentos que operam integrados. O transponder capta o sinal do radar e o TCAS dá o sinal de alerta", explica Carcavallo.

"Analisando o vídeo do que aconteceu, se percebeu que o transponder estava desligado, o que levou o TCAS a não funcionar. Se o transponder estivesse ligado, ele poderia permitir o funcionamento do TCAS, o que poderia alertar os pilotos de uma colisão iminente, o que poderia comandar uma diretiva que evitasse o acidente."

O comandante do Cindacta 4 colocou o vídeo e as gravações telefônicas a disposição da CPI do Apagão Aéreo da Câmara. Para ele, se o transponder não estivesse desligado, seriam maiores as chances do acidente do acontecer. Carcavallo reconheceu, no entanto, que um acidente aéreo não depende de uma única falha.

Relatório aprovado no dia 6 de junho na CPI do Apagão Aéreo do Senado apontou que sete falhas humanas resultaram no acidente aéreo entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, no dia 29 de setembro do ano passado. O documento culpa os dois pilotos do Legacy e os quatro controladores de vôo da torre de Brasília pelo acidente, mas exime de culpa a Aeronáutica ou qualquer outra instituição.

?Se os pilotos do Legacy não tivessem desligado o transponder, o acidente não teria ocorrido. Se os controladores de vôo tivessem atuado de forma diligente e responsável, conforme a natureza da atividade exige, o acidente não teria ocorrido?, afirma o relatório.

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