Brasília – A dívida do Partido dos Trabalhadores pode chegar a R$ 166 milhões, divulgou ontem o Jornal Hoje, da TV Globo, com base em cálculos feitos a partir dos empréstimos contraidos pelo publicitário Marcos Valério de Souza. Estes empréstimos no valor de R$ 40 milhões, chegariam a R$ 90 milhões, com a incidência de juros. No entanto, este valor seria ainda mais elevado com outras operações financeiras feitas pelo partido, chegando a R$ 166 milhões.
Apésar de Marcos Valério não ter revelado o montante da dívida na nota que divulgou na sexta-feira e mesmo na entrevista que concedeu a Rede Globo, o ex-tesoureiro Delúbio Soares informou o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. O valor da dívida total informado por Delúbio está bem acima do admitido pelo PT. Anteo o secretário de Finanças da sigla, José Pimentel, disse que a dívida está estimada em R$ 20,4 milhões. Nesse valor estão incluídos dois empréstimos, um de R$ 2,4 milhões e outro de R$ 3 milhões, com os bancos BMG e Rural. O partido ainda possui uma linha de crédito rotativo de R$ 3,5 milhões com o Banco do Brasil.
Pimentel, que faz parte da nova Executiva eleita no final de semana passado, afirma que determinou o levantamento da situação financeira do partido, com a produção de um relatório final a ser apresentado na próxima segunda-feira.
Descontrole
O descontrole financeiro do PT ainda continua a render. Ontem o ex-petista Marco Túlio Lemes, que prestou depoimento ao Ministério Público de Goiás na terça-feira acusando o PT local de manter caixa dois com dinheiro desviado dos cofres públicos, fez novas denúncias que apontam para supostas movimentações financeiras suspeitas. Desta vez, em entrevista ao Globo, ele acusa a assessora especial da Casa Civil, Sandra Cabral, de ter buscado dinheiro em São Paulo para comprar votos e bancar a boca-de-urna da campanha que elegeu deputada federal a professora Neyde Aparecida, em 2002.
Sandra trabalhou como coordenadora da campanha de Neyde Aparecida. Mulher-forte da gestão de José Dirceu na Casa Civil, onde administrava a lista de aliados que ocupam cargos federais de diferentes escalões, Sandra e Neyde integram um seleto grupo de professores que há anos controlam considerável parcela do PT goiano. Um dos expoentes do grupo é o ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares. A petista, que até hoje mantinha o posto na Casa Civil, era dirigente nacional da CUT antes de entrar para o governo.
Marco Túlio Lemes afirma que a viagem de Sandra a São Paulo aconteceu a três dias da eleição de 2002.