Quando a crise de refluxo gastro-esofágico chega ao pico, a cuidadora de idosos Claudia Aparecida de Lana, de 41 anos, é obrigada a correr para o hospital. “Os remédios por via oral não resolvem e é preciso aplicar os antiácidos por sonda.”

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Moradora de Salto, no interior paulista, ela foi diagnosticada com hérnia de hiato, uma doença no sistema digestivo, em estado avançado. No caso dela, há riscos de estrangulamento – quando há prejuízo à circulação sanguínea – e, além do refluxo, ela sofre com esofagite – inflamação severa do esôfago. Desde 24 de setembro de 2014 ela está na fila da cirurgia do sistema estadual de saúde.

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Claudia conta que já vinha sofrendo com a doença há pelo menos outros três anos. “Fiz todos os regimes recomendados e emagreci bastante, mas não adiantou. Qualquer comida dá enjoo, deixa o estômago irritado, começa a dar refluxo. Fora a queimação e a dor insuportável. Os médicos disseram que a mucosa do esôfago está deteriorada e que corro o risco de desenvolver um câncer.” Depois de ser atendida ao menos dez vezes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais de Salto e Sorocaba, médicos do Conjunto Hospitalar de Sorocaba diagnosticaram a necessidade de cirurgia.

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A cuidadora entrou no grupo de refluxo gastro-esofágico do Departamento Regional de Saúde de Sorocaba, órgão da Secretaria de Saúde do Estado, e foi encaminhada ao Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo.

Na consulta, há três anos e dois meses, fez exames e entrou na fila da cirurgia. Uma vez a cada dois meses ela vai ao hospital retirar medicamento ou fazer consulta, numa maratona que dura o dia todo. “Acordo às duas da madrugada, pois a van municipal passa a partir desse horário. Mas como o carro pega outros pacientes, geralmente demora até duas horas para passar em casa.” Após ser atendida, na capital, precisa esperar pelos demais pacientes. “Acabo retornando para casa às 10 da noite.”

Na última consulta, no dia 27 de outubro, o médico se espantou com a demora da cirurgia e foi consultar o sistema. “Ele não me disse em que lugar da fila eu estou, só avisou que a cirurgia vai demorar mais um pouquinho.”

Claudia depende do trabalho como cuidadora de idosos para se manter. “Só que, com o problema do refluxo, está difícil trabalhar”, reclama. Ela recebe apoio do noivo, o metalúrgico Anderson da Silva, que conheceu em uma das idas ao HC. “Nisso tudo, é a única coisa boa que aconteceu. Nós pretendemos nos casar ano que vem. E espero que eu esteja de esôfago novo”, afirma.

Critérios

A secretaria paulista da Saúde disse que o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), uma autarquia estadual, define os critérios de prioridade dos pacientes encaminhados.

Já o HC informou que existem critérios clínicos que determinam o tempo de espera pelo paciente. No caso da cirurgia do esôfago, muitas vezes a espera se deve à necessidade de melhorar o quadro geral do paciente.

Como o hospital é de alta complexidade, há ainda os casos que são tratados como prioridade por causa da urgência ou do risco de morte. Sobre o problema de Claudia, afirmou que não poderia ter acesso ao prontuário da paciente só com as informações disponíveis, como nome, cidade e idade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.