Em defesa do carnaval carioca, da qual, aos 90 anos, é símbolo, a Mangueira fez um desfile tão belo quanto combativo, e despontou como uma primeira favorita ao título do Grupo Especial. A agremiação exaltou escolas de samba e blocos de rua e criticou abertamente o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), que apareceu numa alegoria na figura de um boneco enforcado, como um Judas, junto aos dizeres, extraídos do samba: “Prefeito, pecado é não brincar o carnaval”. Foi uma alusão ao apoio que o mundo do carnaval deu ao então candidato em sua campanha de 2014 e ao corte que ele, eleito, fez posteriormente nas verbas para os desfiles.

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Mais esperada desta primeira noite do Grupo Especial, por conta do enredo crítico, “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”, a Mangueira passou bem vestida e com carros alegóricos de grande beleza plástica. O carnavalesco Leandro Vieira prometeu que os componentes iriam desfilar brincando, e não engessados por fantasias pesadas, e eles cumpriram à risca.

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Vieira escolheu tons pouco usados de verde e rosa, mais suaves, e mesclou listras e florais em carros e em alas que representaram blocos tradicionais, como o Bola Preta, o Cacique de Ramos e o Bafo da Onça, além de grupos do novo carnaval de rua do Rio, que trazem outros estilos musicais ao samba.

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Foliões vieram de pirata, diabo, índios, com Vieira no meio, saudando o público. Um deles, o ator Pedro Monteiro, estava de “Cristo proibido”, copiando a lendária escultura de Joãosinho Trinta vetada a mando da Igreja Católica na Beija-Flor do ano de 1989. Sobre um plástico preto, estava escrito “Orai por nós, porque o prefeito não sabe o que faz”.

Os antigos carnavais não ficaram de fora. No carro do botequim, saíram sambistas mangueirenses, como Alcione e Lecy Brandão, tendo Nelson Sargento no centro, como um rei, junto a artistas de outras escolas.

O verso do samba “se faltar fantasia, alegria há de sobrar” não se comprovou: a Verde e Rosa estava bem acabada e muito animada, com componentes cantando com vontade as alfinetadas a Crivella. Ele é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e procura se manter afastado do carnaval para não desagradar sua base de apoio evangélica, que condena a festa. Essa semana, ele disse que valoriza o carnaval, mas ressaltou que a cidade tem outras prioridades.