Uma viagem pelo túnel do tempo. Esse é o clima do Bloco Esfarrapados, que iniciou o desfile no final da manhã desta segunda-feira, 12, pelas ruas do Bixiga, bairro tradicional do centro de São Paulo. Com 71 anos de existência, o bloco é considerado o mais antigo da capital. Crianças correndo com confete e serpentina em mãos, marchinhas na trilha sonora e muitos encontros entre vizinhos do bairro. A analista Rose Freitas, de 35 anos, conta que frequenta o desfile desde pequena. “Nós somos do bairro. Minha mãe é uma das fundadoras. É um clima de família.”
Fantasiada com o figurino que usou no desfile da Vai-Vai no ano passado, a copeira Maria das Graças, de 62 anos, parava o tempo todo para cumprimentar amigos. “Eu acho que a cada ano o Esfarrapados melhora. Antigamente o pessoal jogava ovo e farinha, agora é só essa espuma”, explica ela, que vem ao bloco há 20 anos.
“Vem pra cá!”, gritava a corretora Élia Pereira, de 43. Ela tentava, em vão, controlar as muitas crianças que insistiam em jogar espuma nos passantes. “Nosso ponto de encontro no carnaval é o Esfarrapados. Nós desfilamos na Vai-Vai, que é no bairro. Então aqui é como se fosse a continuação. Nós já sabemos o que vamos encontrar.”
Segundo Milton Credidio, de 82, o Tininho, um dos fundadores do bloco, o clima tranquilo é mantido graças ao “respeito à tradição do carnaval”. “Aqui só tocamos marchinhas. É o verdadeiro carnaval. E mantemos a educação”, explica.