A lama de rejeitos proveniente do rompimento da barragem em Mariana deve chegar nesta quarta-feira, 18, à cidade de Colatina, no Espírito Santo. O município capixaba de 120 mil habitantes, um dos maiores no trajeto do Rio Doce até o mar, programa suspender a captação de água e adotar fontes alternativas de abastecimento. Ainda na terça-feira, 17, 44 caixas d’água de 10 mil litros e 7 reservatórios de 5 mil litros estavam sendo posicionados em bairros para amenizar os problemas da população assim que houver corte na distribuição regular.
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) acompanha a situação em tempo real e, em boletim divulgado na tarde de terça-feira, estimou que em mais dois dias os rejeitos poderão aproximar-se do mar ao chegar à cidade de Linhares, onde está a foz do Rio Doce. O CPRM informou que fatores como a deposição dos sedimentos e as chuvas que já caem na região poderão alterar a previsão.
Uma primeira estimativa apontava que a poluição chegaria a Colatina na terça-feira da semana passada, o que levou a população a começar a estocar água nos domicílios e adquirir reservatórios maiores. O deslocamento também está suscetível à passagem por hidrelétricas no trajeto, que controlam comportas de barragens no rio. Só há mais uma comporta antes de Colatina, na Usina de Mascarenhas, a cerca de 30 quilômetros do centro da cidade.
O intervalo entre a primeira previsão e a mais recente estimativa da chegada dos rejeitos deu à prefeitura local a oportunidade de aperfeiçoar o plano emergencial. As caixas d’água deverão ser abastecidas por mais de 50 caminhões-pipa e, com a perfuração de poços artesianos, até 40% do consumo médio da população poderá ser suprido. A execução do plano tem auxílio de 132 homens do Exército, responsáveis pelo monitoramento da distribuição.
“Se a lama tivesse mesmo chegado na semana passada, não teríamos 20% da preparação que temos hoje”, disse o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski (PT). A expectativa é em até uma semana voltar a captar no Rio Doce, usando para o tratamento produtos que já estão sendo testados na cidade mineira de Governador Valadares.
Ponte. Já em Baixo Guandu, município vizinho, o clima é de espera.
Na manhã de terça-feira, uma leve chuva caía nas imediações da Ponte Mauá, na divisa com o Estado de Minas, onde alguns moradores da região paravam para observar a situação do rio. “É como acompanhar uma novela. A gente não sabe o que vai acontecer nem em quanto tempo. Mas acredito que vai demorar para recuperar o rio”, disse o empresário Adilson Beraldo Corona, de 48 anos, que observava o movimento da ponte. A cidade passou a captar água do Rio Guandu para atendimento emergencial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.