Brasília – O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Francisco Batista Júnior, considerou "absolutamente lamentável" o retorno da incidência de dengue no país neste ano, "prova da falência do modelo de atenção que nós temos, prova da irresponsabilidade histórica dos gestores com a promoção da saúde, com condições sanitárias, com condições de educação, com condições de vida de forma mais ampla".

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Ele lembrou que "há dois anos, nós do Conselho Nacional de Saúde estamos chamando a atenção não somente para a dengue, mas para a tuberculose, para a malária, para doenças típicas de países cujas condições sanitárias são sofríveis e que no nosso entendimento de há muito já deveriam estar extirpadas da realidade brasileira".

Em um balanço das atividades de 2007, Batista Júnior comentou também o debate sobre os seis meses de licença-maternidade, "uma reivindicação do movimento social brasileiro, o mínimo que deveríamos garantir às mulheres que procriam".

Na avaliação dele, "não se trata de um debate fácil, por ir de encontro a interesses econômicos poderosíssimos, mas percebemos felizmente uma aceitação bastante considerável, bastante razoável, por parte de atores sociais e mesmo econômicos importantes no nosso país ? e esperamos que ele consiga chegar no bom termo".

A questão do aborto, segundo o presidente do CNS, "mostra muito claramente a necessidade premente de o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, nortear e liderar um grande debate". Ele destacou que "é um crime praticado quase diariamente contra mulheres, com serviços sem a menor condição de funcionamento ? e que não podem continuar atuando dessa forma, quase que à revelia de um processo de fiscalização maior e mais amplo".

Sobre a aprovação da Emenda Constitucional nº 29 na Câmara dos Deputados, em novembro, com a vinculação dos recursos federais destinados para a saúde à variação do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país), o presidente do CNS afirmou que a reivindicação da categoria, de estabelecer um piso de 10% das receitas federais "infelizmente não aconteceu, mas conseguimos uma visibilidade importante".

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Já a rejeição, pelo Congresso Nacional, da continuidade de cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), foi considerada "uma derrota da população brasileira". Batista Júnior disse que o tributo "é o único que efetivamente cumpre aquilo que nós entendemos como o objetivo maior de um imposto, que é dar resposta nas questões sociais, por se destinar à saúde, ao combate à pobreza, à questão nutricional".

E sobre o resultado da 13ª Conferência Nacional de Saúde, realizada também em novembro, o presidente do CNS comemorou: "Atendeu plenamente o que nós planejamos, a nossa expectativa de parcitipação e de qualificação do debate."

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Segundo Batista Júnior, "nós temos agora a responsabilidade do acompanhamento, nos municípios e nos estados, da aplicação do que foi aprovado na conferência, com a perspectiva de melhorar o sistema".