Depois de debater os casos de abusos sexuais contra menores praticados por padres em dioceses brasileiras, o plenário da 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu hoje que, em vez do episcopado, a presidência da entidade publique uma declaração sobre o assunto, no encerramento da reunião, na quinta-feira.
“A questão foi mal encaminhada, quando se optou por essa declaração da presidência da CNBB. Uma tomada de posição oficial da assembleia teria mais força”, reagiu o arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto.
Ele argumenta que a sociedade espera atitudes mais contundentes da Igreja. O arcebispo acredita, no entanto, que o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, vai refletir em seu texto a preocupação e o clima das discussões do plenário.
O bispo de Franca (SP), dom Pedro Luiz Stringhini, que enfrenta um caso de pedofilia em sua diocese, informou que a questão foi debatida com seriedade e transparência, sem nenhuma preocupação de esconder o crime ou de proteger os criminosos. O bispo de Penedo (RJ), dom Valério Breda, fez uma exposição sobre os casos registrados em Arapiraca (AL), em sua diocese.
Citando uma intervenção de dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte, dom Pedro Luiz traçou o caminho que a Igreja deve seguir: “Para o pecado, o perdão; para o crime, a punição, para a patologia, o tratamento”.
Uma comissão formada por bispos, padres e assessores, alguns deles psicólogos, que encaminhou a discussão sobre os escândalos de pedofilia no plenário, foi encarregada de redigir um vade-mecum que servirá de guia para o episcopado combater os abusos sexuais contra menores no clero. Esse manual deverá ser distribuído nos próximos meses, depois de aprovado pelo Conselho Permanente, órgão de cúpula da CNBB.