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CNBB diz que não irá apoiar candidatos que ‘promovam ainda mais a violência’

No lançamento da Campanha da Fraternidade 2018, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o presidente da instituição, cardeal Sergio da Rocha, afirmou que a Igreja quer candidatos comprometidos com a justiça social e com a paz, e “não aqueles que promovam ainda mais a violência”. A manifestação ocorreu após o cardeal ser questionado sobre como a Igreja irá se posicionar diante dos candidatos das eleições 2018 que defendem a liberação de porte de armas em alguns casos, por exemplo.

“A Igreja está orientando os próprios eleitores, não substituindo suas consciências, mas ajudando a formá-las”, disse o presidente da CNBB a jornalistas logo após a cerimônia de lançamento da campanha, que tem como tema “Fraternidade e a Superação da Violência”.

Com a presença do secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, da presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, do secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça de Paz da CNBB, Carlos Moura, e do deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ), a solenidade foi marcada por discursos que acentuaram a necessidade de superação da violência e a urgência por atitudes mais efetivas do Poder Público para resolver esses problemas.

Anualmente lançada na Quarta-feira de Cinzas, a campanha foi endossada pelos presentes ao evento como essencial após fatos ocorridos durante o feriado de carnaval, marcado por muitos casos de violência, principalmente no Rio de Janeiro (RJ). A cidade registrou diversos saques, arrastões e roubos, que foram destacados nas falas das autoridades na manhã desta quarta-feira, 14.

Desarmamento

Os representantes da CNBB e o deputado Alessandro Molon, coordenador da Frente de Prevenção à Violência e Redução dos Homicídios na Câmara dos Deputados, destacaram em seus discursos que é inadmissível que o Poder Público tente resolver os problemas da violência com atitudes falsas e simplistas. A campanha da CNBB reforça a importância do Estatuto do Desarmamento, o qual congressistas tentam alterar. “É um grande equívoco achar que superamos a violência recorrendo a mais violência”, afirmou o cardeal Sergio da Rocha.

Na apresentação do texto da campanha, o secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) da CNBB, Carlos Moura, destacou que uma alteração do Estatuto teria consequências ainda mais drásticas para a comunidade negra, vítima dos maiores índices de violência do Brasil.

Além de destacar essas questões, o deputado Alessandro Molon criticou o Legislativo, que, segundo ele, está mais preocupado em aumentar penas de crimes para proteger o patrimônio, e não de crimes que atentam contra a vida. Ele ainda afirmou que o carnaval deste ano foi “de violência e omissão”.

Reformas

Aos jornalistas, o presidente da CNBB também comentou sobre as reformas assumidas pelo governo federal. A CNBB já se pronunciou sobre a reforma da Previdência, por exemplo, afirmando que a proposta “escolhe o caminho da exclusão social”.

O cardeal Sergio da Rocha disse que a CNBB deve se manifestar em breve novamente sobre o tema, mas acrescentou que a Igreja tem alertado para o que ele chamou de “perda de direitos sociais”. “Não podemos admitir que mais pobres, mais vulneráveis, possam arcar com sacrifícios maiores quando se trata de reformas e mudanças sociais”, afirmou.

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