O secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, defendeu que haja uma atenção especial contra atos de força praticados hoje em dia e que avalia serem comparáveis às torturas cometidas durante o período da ditadura militar. Em solenidade realizada hoje na Câmara dos Deputados para lembrar os 40 anos da edição do Ato Institucional número 5 (AI-5), o secretário geral da CNBB defendeu que o governo abra todos os arquivos secretos referentes ao período da ditadura militar como forma de resgatar a memória brasileira e tentar mostrar à sociedade todo o lado negativo da repressão aos direitos individuais.
“Essa mentalidade de uso da força não está tão afastada da nossa realidade não. Ouço dizerem coisas como a polícia é o inseticida social. Existe também uma ascensão política muito perigosa de pessoas ligadas ao crime organizado”, afirmou. “Então, a abertura dos arquivos seria importante como resgate dessa memória histórica para evitar o avanço desse tipo de coisas”, disse, preferindo, porém, não assumir a defesa de punição para os que praticaram tortura durante a ditadura. “Eu me preocupo em distinguir o sentimento de resgate da memória do sentimento de vingança.”
Se a CNBB não defende a punição aos torturadores, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), César Britto, apoiou a medida abertamente durante o evento da Câmara. “A Ordem defende essa posição e entende que é importante para o resgate da história do País, até porque crimes de tortura não podem ser anistiados na nossa visão”, avaliou.
Representante do governo na solenidade, o ministro da Justiça, Tarso Genro, preferiu se concentrar em falar sobre a importância da recuperação da democracia no Brasil. Um dos principais defensores dentro do governo da punição para os torturadores, Tarso preferiu evitar o debate público sobre o assunto. O evento teve também a presença do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.