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Segundo a CNBB, a vida saudável
não se reduz aos genes nem
aos organismos.

Brasília – Preocupada com o projeto de lei de biossegurança, em votação nesta semana na Câmara, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou carta aos deputados na qual reitera sua oposição à liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias e pede que os parlamentares rejeitem essa parte do projeto, permitindo apenas o uso de células-tronco adultas encontradas no cordão umbilical, na medula óssea e em outras partes do corpo humano. ?É necessário, no entanto, rejeitar com firmeza a produção de embriões, ou a utilização de embriões já existentes, tanto para pesquisas, quanto para eventual produção de tecidos e órgãos. Para a pesquisa com células-tronco embrionárias seria necessário a supressão dos embriões e a vida humana deve ser respeitada, sempre, desde o seu início até o seu termo?, diz a carta.

A CNBB critica pessoas e entidades que se pronunciam a favor do uso de células embrionárias como se este método fosse capaz de ?sanar todos os males do mundo? e diz estar segura de que os parlamentares ?não se deixarão dobrar pela pressão de grupos que investem na biotecnologia para auferir lucros?. Segundo a CNBB, ?a vida saudável não se reduz aos genes nem aos organismos, mas remete a relações sociais, econômicas, políticas, afetivas e espirituais?. ?Há pessoas e grupos que mais parecem vendedores de ilusão de vida fácil do que preocupados com a saúde e a vida de todos?, diz o documento.

A CNBB critica também a exposição de deficientes físicos na mídia para pressionar pela liberação das pesquisas. ?Ainda que devamos buscar minorar os sofrimentos dos deficientes vítimas de falhas genéticas, preocupa-nos igualmente a exploração emocional oriunda da exposição de deficientes na mídia?, diz a carta.

Nota do ministério

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O Ministério da Saúde também divulgou nota ontem na qual informa ser favorável ao projeto de biossegurança, especialmente na parte que trata de pesquisas com células-tronco embrionárias. O projeto pode ser votado hoje na Câmara e o ministério espera que os parlamentares ?se mostrem sintonizados com os interesses dos brasileiros? e aprovem o texto.

?Pautado sempre pela ética, o ministério espera que os parlamentares se mostrem sintonizados com os interesses dos brasileiros e aprovem o projeto, permitindo a utilização de células embrionárias nas pesquisas com fins terapêuticos – possibilidade concreta de cura para muitos brasileiros?, diz a nota.

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Segundo o ministério, as pesquisas com células-tronco embrionárias representam a esperança de cura para portadores de doenças de vários tipos, como as do coração, as neurodegenerativas e o diabetes. A nota lembra que as células-tronco são capazes de reconstituir tecidos como pele, ossos, dentes e tecido nervoso e que vítimas de acidentes e de violência, que tiveram lesões físicas atualmente irreversíveis, terão grandes chances de recuperar os movimentos.

Melhoria na qualidade de vida

Brasília – O Ministério da Saúde lançou um projeto de pesquisa, recentemente, para avaliar a utilização das células-tronco adultas em doenças cardíacas que tem por objetivo introduzir terapias celulares no Sistema Único de Saúde (SUS), substituindo a realização de transplantes e cirurgias de ponte de safena e mamária. ?Para o paciente, os maiores benefícios são recuperação mais rápida e a melhoria da qualidade de vida, com a diminuição da necessidade do uso contínuo de medicamentos. Para o sistema, o uso dessa tecnologia significa economia e eficiência, diminuindo os custos dos tratamentos, liberando recursos do Sistema Único de Saúde para a aplicação na prevenção e cura de outras patologias, beneficiando a toda a população brasileira?, diz a nota.