CNBB alerta Lula para não usar máquina

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, alertou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que não use a máquina pública para fazer campanha eleitoral. O bispo disse considerar normal que o homem público, ao final de seu mandato, inaugure obras, mas, segundo ele, o político precisa tomar cuidado para que as iniciativas não sirvam de palanque eleitoral. Anteontem, o prefeito de São Paulo havia afirmado que o presidente Lula está usando o cargo para se reeleger.

"A máquina pública não pode servir de campanha. Evidentemente, ou por coincidência, ou por planejamento, não é no primeiro momento que se apresentam as obras. Quando se chega ao final, faz-se um balanço do que foi feito. Mas que isso não sirva para uma possível campanha eleitoral", afirmou dom Geraldo Agnelo, referindo-se sobre a possibilidade de Lula ser candidato à reeleição. Ele fez o comentário após a 20.ª Reunião do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep), para discutir o atual contexto político e o tema da campanha da fraternidade de 2006, intitulada ?Fraternidade e pessoas com deficiência?.

Segundo o presidente da CNBB, o País já vive um clima de campanha eleitoral por causa do prazo de desincompatibilização dado aos políticos que ocupam cargos públicos e que querem disputar a eleição deste ano. O prazo vai até 31 de março. Na tentativa de mostrar que o alerta ao presidente não pode ser encarado como uma crítica, o secretário-geral da CNBB, dom Odilo Pedro Scherer, disse que é difícil dissociar a figura do presidente da República com a do candidato. Por isso ele avalia que não se deve impedir Lula de inaugurar obras de seu governo.

Preocupados com o momento político, os bispos disseram que a CNBB vai produzir uma cartilha orientando os fiéis católicos para que não votem em políticos corruptos. Segundo dom Geraldo, a cartilha deve inclusive alertar o eleitorado para a necessidade de rejeitar o voto em políticos que tenham praticado caixa 2. Para o presidente da CNBB, os fiéis devem estudar o passado dos políticos. "Será uma cartilha com subsídios para que as pessoas reflitam sobre a nova eleição e analisem os critérios para avaliação dos candidatos", disse.

Embora reconheça que o momento é de reflexão por causa das denúncias feitas pelas comissões parlamentares de inquérito instaladas no Congresso, o bispo pregou a necessidade do voto. "O voto é muito importante (…) Se estamos numa democracia desejamos que eles (candidatos) tenham competência e probidade", disse. Durante a reunião do Consep, os bispos também criticaram o trabalho dos parlamentares durante o período da convocação extraordinária. "Nós esperávamos que houvesse um aproveitamento maior na convocação extraordinária. Não havia necessidade", declarou dom Geraldo. Ele informou que a campanha da fraternidade será lançada no dia 1.º de março, na sede da CNBB.

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