Perguntado se a Clonaid tem alguma prova de que o bebê que nasceu na quinta-feira é mesmo um clone, Uzal respondeu que “seria um suicídio para a Clonaid e para o movimento raeliano ter feito tal anúncio se não fosse verdade”, e que em uma semana os testes já estarão feitos.
O movimento raeliano é a seita fundadora da Clonaid. Uzal afirmou que cerca de 50 gaúchos fazem parte da seita, que acredita que os seres humanos são fruto de experiências genéticas realizadas por extraterrestres. O porta-voz está em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para preparar a visita da cientista Brigitte Boisselier, mentora da clonagem, ao estado, o que deve ocorrer no fim de março.
Mentira
O presidente da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) e professor da Universidade de Brasília (UnB), Volnei Garrafa, acredita que a notícia do nascimento do primeiro clone humano não se confirmará. Favorável ao desenvolvimento da técnica de clonagem para fins terapêuticos, Garrafa disse que não há segurança técnica para realizar um clone nos dias atuais, nem nos próximos anos. Para ele, a seita raeliana, que anunciou o fato, se aproveitou do vácuo entre as festas natalinas e de boas vindas ao novo ano, quando não há tantas notícias, para promover o grupo.
Para justificar seu ceticismo quanto à confirmação da notícia, Garrafa usa como argumento o fato de os pesquisadores do laboratório não terem nenhum estudo registrado em qualquer centro de pesquisa de renome e tampouco trabalhos publicados em revistas científicas credenciadas. “Eles não têm história de pesquisa”, constatou o professor. Ele lembrou que a clonagem ainda é um tema complexo em animais e que desenvolver uma pesquisa, em segredo como foi o caso da Clonaid, sem o devido protocolo científico, é de uma irresponsabilidade ética e moral por parte dos autores da experiência.
Garrafa se posicionou também sobre a possibilidade dos raelianos abrirem uma filial da Clonaid no Brasil e sobre o fato dos membros do movimento pedindo uma posição “progressista” sobre o assunto aos parlamentares brasileiros. “O Brasil jamais vai aprovar a manipulação genética para fins reprodutivos. Até acredito que vamos conviver com clones num futuro. Mas ainda não há segurança técnica e acho que é preciso primeiro dar ouvido às discussões morais que só agora se iniciaram”, salientou.