Após a Polícia Federal e a Procuradoria da República realizarem buscas e apreensões de materiais cirúrgicos reprocessados na Divisão de Neurocirurgia Funcional do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, o hospital divulgou nota informando que afastou um médico e um servidor administrativo e transferiu uma enfermeira de setor.
A ação da PF e da Procuradoria fazia parte da segunda fase da Operação Dopamina, que investiga suspeitas de superfaturamento, peculato e corrupção na compra de equipamentos para implante em pacientes com o mal de Parkinson (doença progressiva do movimento devido à disfunção dos neurônios secretores de dopamina) por servidores do HC.
“Todas as informações foram repassadas ao Ministério Público Federal, com quem o IPq (Instituto de Psiquiatria) vem mantendo colaboração permanente”, afirma o hospital.
Segundo o HC – maior complexo hospitalar da América Latina -, o Instituto contratou uma empresa de reputação internacional em consultoria e auditoria para verificação dos processos internos da Divisão de Neurocirurgia Funcional e criou um grupo multiprofissional para checagem dos procedimentos de esterilização de materiais cirúrgicos.
Sem citar a investigação policial, o HC afirma que uma comissão interna do Instituto de Psiquiatria identificou a presença de materiais cirúrgicos vencidos no Centro Cirúrgico e na Central de Materiais para Esterilização da Divisão de Neurocirurgia Funcional (DNF) em uma ‘ação de checagem e controle de processos’.
“Os materiais foram recolhidos imediatamente e duas sindicâncias foram instauradas para apurar os responsáveis pelas irregularidades”, segue o texto. Sem citar as datas das apurações internas, o HC informou ainda que contratou uma empresa de consultoria internacional para “verificação dos processos internos da DNF e criou um grupo multiprofissional para checagem dos procedimentos de esterilização de materiais cirúrgicos”.
Os investigadores chegaram às informações sobre os materiais reutilizados após a primeira fase da Dopamina, em julho de 2016.
Segundo a investigação, eletrodos e estimuladores cerebrais, além de agulhas e outros materiais cirúrgicos descartáveis comumente utilizados para o tratamento do Mal de Parkinson, eram reaproveitados no Núcleo de Neurocirurgia Funcional do HC.