Classe média vira alvo de sequestro em cativeiro

Vítimas do que seria um sequestro relâmpago estão sendo levadas para cativeiros. Em 6 dos 11 casos do último trimestre na capital paulista, a polícia está convencida de que o objetivo inicial dos ladrões era apenas o saque em caixas eletrônicos. No entanto, durante o assalto, os criminosos percebem que vítima poderia render mais dinheiro e a levaram para o cativeiro. Segundo a polícia, a classe média é o alvo desse crime. Por isso, os sequestros relâmpagos passarão a ser investigados pela Divisão Antissequestro (DAS) da Polícia Civil em cerca de 15 dias.

Mudou o perfil dos sequestros, de acordo com o Wagner Giudice, delegado divisionário da DAS. “O alvo hoje são pequenos empresários e comerciantes da periferia da capital.” Os valores pedidos também caíram: ficam numa média de R$ 10 mil. Dos 11 casos, em 7 não houve pagamento. Os bandidos são oriundos do crime contra o patrimônio. “Traficantes não fazem sequestros.”

Os especialistas em segurança concordam. O consultor Nilton Migdal considera que, com isso, a classe média passou a ser mais vulnerável. “Quem tem muito dinheiro anda com escolta. Os ricos que não têm escolta andam com carros blindados, eficientes contra sequestros relâmpagos. Acaba sobrando a classe média, que anda com bons carros e fica visada.” Rubens Recalcatti, delegado do Paraná, autor do livro “Sequestros: Modus Operandi Estudos de Casos”, confirma que não ocorrem mais sequestros como os dos anos 90. “A polícia foi se aparelhando e os criminosos mudando. Hoje, a classe média é sequestrável.”

Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública apontam que os sequestros aumentaram. Até setembro, foram 69 ante 61 em 2008. Só na capital paulista, no mesmo período deste ano, foram 30. Em 2008, 26. O delegado divisionário da DAS diz ter certeza da migração dos casos de sequestro relâmpago para o cativeiro. “Eram sequestros relâmpagos, mas, pelo comportamento das vítimas, elas acabaram sendo levadas de improviso para cativeiro.”

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