Um grupo de cientistas americanos determinou a estrutura do vírus zika. De acordo com o estudo, publicado nesta quinta-feira, 31, na revista Science, desvendar a estrutura do vírus é um passo fundamental para o desenvolvimento de vacinas.
O mapeamento da superfície do vírus, feito com uma técnica chamada microscopia crio-eletrônica, revela que a estrutura do zika é muito parecida com a do vírus da dengue, mas com uma diferença fundamental: ele possui em toda sua parte externa uma glicoproteina que pode ser usada para se ligar às células humanas.
Essa variação nas glicoproteínas na superfície do zika, segundo os cientistas poderia explicar a capacidade do vírus para atacar células nervosas e também para causar síndrome de Guillain-Barré, segundo os autores.
O mapeamento, com uma resolução próxima do nível atômico, foi feito por esquisadores da Universidade Purdue (Estados Unidos). O “retrato” do vírus foi feito a partir de uma partícula do vírus, com a técnica de microscopia crio-eletrônica.
O processo envolve o congelamento de partículas do vírus e o seu bombardeamento com elétrons de alta energia. Com isso, a amostra gera dezenas de milhares de imagens micrográficas de duas dimensões, que são combinadas para compor um mapa tridimensional de alta-resolução da aparência do vírus.
A principal diferença observada pelos cientistas em relação a outros vírus semelhantes ao zika está na região das glicoproteínas do envelope externo do vírus – um tipo de proteína que os vírus desse tipo podem utilizar para se ligar às células humanas. Os pesquisadores encontraram 180 deleas na superfície do zika.
Segundo o estudo pode ser importante para o desenvolvimento de vacinas, porque essas glicoproteínas são consideradas um alvo fundamental para a resposta imune contra o vírus. Com isso, as informações podem ser úteis também para desenvolver tratamentos como drogas antivirais e anticorpos que possam interferir nas funções das glicoproteínas do envelope viral.
Além disso, segundo os autores, detalhes sobre as diferenças estruturais entre as proteínas do envelope do zika e do vírus da dengue podem ajudar a produzir novos testes diagnósticos mais específicos, isto é, mais preciso para distinguir a infecção por zika ou por dengue.