Cientista teme corte de verba para pesquisa na Antártida

Nos últimos 28 anos, os cientistas brasileiros nunca tiveram tantos recursos para fazer pesquisas na Antártida. Mas eles não têm tempo para comemorar: estão preocupados com o futuro de seu trabalho no continente gelado. O glaciologista Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que a situação só e boa até o próximo ano. “Ao longo dos últimos três anos, foram alocados cerca de R$ 35 milhões para o Programa Antártico Brasileiro (Proantar). E estamos tranquilos até 2011. Agora, no plano plurianual, o que está previsto é somente R$ 1,2 milhão para 2012.”

O receio dos pesquisadores do Proantar é que voltem a sofrer com o conhecido problema de irregularidade dos programas científicos. “Até 2002, a situação era muito inconstante. A partir de então, por meio de uma ação do Ministério do Meio Ambiente, começaram a vir recursos”, afirma. Antes disso, segundo ele, o País “fazia alguma pesquisa, muitas vezes com o esforço de cientistas abnegados, mas sem dinheiro”. Simões recorda que, por volta de 2000, o Proantar chegou a receber somente R$ 360 mil. E diz esperar que o próximo governo não permita um retrocesso.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirma ter dito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que “tínhamos de ser o primeiro país em termos de capacidade científica de pesquisa na Antártida para incentivar e fortalecer a presença do Brasil no continente”.

Ele fez as declarações na 62.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal, na semana passada. Segundo Jobim, a compra do navio polar Almirante Maximiano de pesquisa, no ano passado, “está dentro da política de crescimento e da consolidação do Brasil” na Antártida.

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