Cidade de SP deverá registrar mês de Abril mais quente da história

Este mês provavelmente baterá o recorde de abril mais quente da história na cidade de São Paulo, de acordo com meteorologistas do Climatempo. Sem chuvas há 25 dias, a capital paulista teve em abril quatro das 10 maiores temperaturas já registradas para o mês na história.

“Este mês de abril não é apenas atípico, mas completamente inédito, histórico. Tudo leva a crer que confirmaremos nossa previsão de que este seria o mês de abril mais quente já vivido pelos paulistanos”, disse a meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo.

Segundo ela, desde que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a realizar medições sistemáticas no Mirante de Santana, na zona norte da cidade, em 1943, não houve um mês de abril com dias tão quentes.

“Em todo o mês de abril, a cidade de São Paulo só teve um dia com temperatura máxima abaixo dos 29 graus Celsius: no dia 4 de abril, quando o calor chegou a 28,8 graus. Todos os outros dias do mês tiveram máximas acima de 30 graus”, afirmou Josélia.

Segundo ela, o calor inédito em abril não se deve à ausência de frentes frias, mas sim à falta de chuvas e de nebulosidade – que são dois importantes reguladores da temperatura.

“Quando há chuva e nebulosidade à tarde, como seria normal em abril, isso evita que a temperatura atinja valores extremos. Sem elas, a insolação foi muito maior do que teríamos normalmente em abril. A falta de frentes frias nessa época já era esperada, pois as massas de ar polar não são comuns em abril. O fato incomum foi realmente o tempo seco”, disse.

De acordo com os registros do Inmet, no Mirante de Santana as chuvas acumuladas em abril chegam a 0,6 milímetros. A média para o mês é de aproximadamente 73 milímetros, segundo Josélia. “Até a semana passada tivemos alguns eventos esporádicos de chuva em poucas áreas da capital. Mas não tivemos as pancadas mais fortes que estavam ocorrendo até março”, disse.

Segundo a meteorologista, mesmo com uma forte frente fria que chegará à cidade de São Paulo na terça-feira, 26, – derrubando as temperaturas até o fim do mês -, a cidade deverá bater o recorde de temperaturas máximas para o mês de abril.

Desde 1943, em São Paulo, o mês de abril mais quente já registrado foi o de 2002, com média de temperaturas máximas de 28,7 graus Celsius. Até agora, abril de 2016 tem uma média de 31 graus, segundo Josélia.

“A média histórica de temperaturas máximas na capital em abril é de 25,3 graus Celsius. São quase seis graus acima da média. Por mais que tenhamos queda acentuada da temperatura nos últimos dias de abril, a média de 31 graus praticamente não vai ser alterada”, declarou.

Frio

O calor intenso ainda permanecerá nesta terça, mesmo com a chegada de uma frente fria extremamente forte à cidade de São Paulo, segundo Josélia. A partir de quarta-feira, 27, a massa de ar frio deixará as temperaturas abaixo de 20 graus Celsius.

“A frente fria que está chegando é realmente muito forte, fenomenal, como a América do Sul ainda não teve este ano. A massa de ar polar será tão intensa que terá força para levar ventos frescos até o Tocantins, o sul do Pará e a região de Manaus”, disse a meteorologista.

Segundo ela, a cidade de São Paulo deverá bater recordes de baixas temperaturas nos últimos dias de abril. “A menor temperatura do ano até agora na cidade foi de 15,7 graus, no dia 17 de janeiro. A tarde mais fria foi a do dia 1 de março, com 19,7 graus. A partir de quarta-feira, 27, o paulistano voltará a sentir frio”, afirmou.

Nesta terça, a frente fria deverá chegar amena, mas com força o suficiente para estacionar os termômetros nos 30 graus Celsius. Nos dias subsequentes, as temperaturas devem cair abaixo dos 20 graus Celsius. Em regiões do extremo oeste do Estado de São Paulo, as temperaturas deverão cair abaixo dos 10 graus Celsius.

“Será um verdadeiro choque térmico. Na quarta-feira, o ar polar entrará com muita força e a sensação de frio vai durar o dia todo. Na quinta-feira, a cidade de São Paulo deverá bater um duplo recorde: a madrugada e a tarde mais frias do ano”, declarou Josélia.

Após a passagem da massa de ar polar, o ar tornará a se aquecer, mas outras frentes frias virão, com intervalo menor entre uma e outra, segundo Josélia. “Não há mais o risco de termos tantos dias consecutivos de calor extremo. Esse calor de abril não volta mais”, declarou.

Segundo Josélia, a ausência de chuvas – que tornou o mês de abriu tão quente – deve-se à Alta Pressão Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), um sistema que faz parte da circulação geral da atmosfera, influenciando a América do Sul ao longo do ano.

“Em abril, o ASAS não apenas intensificou sua força, mas começou a atuar muito mais próximo do País. Essa intensificação foi efeito do El Niño. O sistema de alta pressão reduz a umidade do ar e, consequentemente, diminui a nebulosidade e a possibilidade de chuvas. As massas de ar polar que chegaram da Argentina este mês eram fracas demais para vencer essa massa de ar quente e seca gerada pela ASAS”, disse Josélia.

“Só agora, na última semana de abril, a atmosfera se transformou e uma frente fria muito intensa conseguiu sair da Antártica e chegar à América do Sul com força suficiente para afastar essa massa quente e seca”, disse.

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