As chuvas que atingiram o Estado de São Paulo entre a noite de terça-feira e a madrugada desta quarta-feira, 3, amenizaram os efeitos da seca e trouxeram alívio para cidades com abastecimento em risco. O Sistema Cantareira, que abastece grande parte da Região Metropolitana de São Paulo pela primeira vez nas últimas semanas manteve o nível estável. O sistema operava com 10,7% da capacidade na medição feita às 9 horas da manhã, o mesmo nível do dia anterior, interrompendo uma sequência de vazões negativas – maior saída de água do que entrada nos reservatórios.
As chuvas repuseram cerca de 19 metros cúbicos por segundo retirados no período para o abastecimento de regiões da capital e da Grande São Paulo. O tempo continuava instável e havia expectativa de mais chuva nas cabeceiras dos rios formadores dos reservatórios do Cantareira.
Em Campinas, a vazão do Rio Atibaia, que abastece 95% dos 1,1 milhão de habitantes, subiu de 4,80 metros cúbicos por segundo, na terça-feira, para 13,0 m3/s nesta quarta em razão das chuvas fortes que caíram na cabeceira. O aumento de 190% na vazão fez com que o presidente da Sanasa, companhia de saneamento da cidade, Arly de Lara Romêo, cancelasse compromissos para ver de perto a situação do rio. “Setembro mal começou e já recebemos essa bênção”, comentou.
Já o Rio Piracicaba, na região que corta a cidade do mesmo nome, teve a vazão aumentada de 10,3 m3/s para 51,0 m3/s na medição feita às 14 horas desta quarta-feira pela rede de telemetria do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). As águas voltaram a correr onde antes só se viam pedras no salto de Piracicaba, cartão postal da cidade. No Rio Corumbataí, que abastece a cidade, a vazão subiu de 4 m3/s para 11,3 m3/s.
As chuvas devolveram as águas também ao Ribeirão das Conchas, usado para o abastecimento de Pereiras, região de Sorocaba. Com o rio seco, a captação está suspensa há seis meses e a cidade é abastecida com água de poços. A chuva que inundou a calha tomada pelo mato ainda é insuficiente para o abastecimento, mas garante água para o gado.
Em Itu, com racionamento drástico desde o início de fevereiro, moradores dos bairros Novo Itu e Cidade Nova foram à rua pegar a água da chuva com baldes. A comerciante Rosângela Andrade garantiu mais de cem litros para arrumar a cozinha e lavar o banheiro. Ela está sem água nas torneiras há uma semana. A empresa Águas de Itu informou que são necessárias mais chuvas para equilibrar o abastecimento. O tempo voltou a abrir à tarde na região.
Nas áreas agrícolas do interior, agricultores ganharam ânimo para iniciar o plantio de verão. Em Itapeva, segundo o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, a chuva da noite chegou a acumular 40 milímetros, favorecendo o preparo da terra para o plantio da soja, cuja semeadura começa no dia 15 próximo. As chuvas beneficiaram lavouras de feijão que estão em fase de florescimento.