Chuva acima da média não recupera vazão de rios no interior

As chuvas acima da média durante o mês de maio não foram suficientes para recuperar o nível dos rios nas regiões de Piracicaba e Campinas, as mais atingidas pela estiagem de 2014. Rios importantes do interior que praticamente secaram no ano passado entram no período crítico de chuvas deste ano com as vazões muito abaixo do que era esperado. Os níveis atuais indicam que, se o inverno não for chuvoso, os rios voltam a secar.

Chovia nesta sexta-feira, 29, em alguns pontos da bacia do Piracicaba, mas o rio estava quase 50% abaixo do nível médio deste mês. De acordo com a rede de telemetria do Consórcio das Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a vazão era de 47,9 metros cúbicos por segundo no início da tarde, quando a média para o mês é de 93,1 m3/s. Na semana passada, a vazão era ainda menor, de 31,8%, e as pedras voltavam a aparecer no leito, na área urbana de Piracicaba.

Em outubro do ano passado, a vazão baixou para 7 metros por segundo e o rio praticamente secou. A cachoeira de Piracicaba, principal atração turística da cidade, virou um amontoado de pedras. A chuva acumulada na região em maio deste ano é de 58,6 milímetros, para uma média mensal de 54,9 mm, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O Rio Mogi Guaçu, em Pirassununga, que em fevereiro deste ano estava recuperado da seca do ano passado, voltou a baixar ao ponto de mostrar as pedras do leito. Em 2014, as águas deixaram de correr e praticamente não houve a subida de peixes na piracema da Cachoeira das Emas, que virou atração turística às avessas – os visitantes compareciam para escalar o paredão seco. Em maio deste ano choveu 13% acima da média no município.

A queda no nível das águas, que estão 25% abaixo do normal para esta época, preocupa os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta-ICMBio). No dia 3 de março, foram soltos 10 mil filhotes de piracanjuba, espécie ameaçada de extinção, nas águas do Mogi. A preocupação é que a estiagem comprometa o desenvolvimento desses peixes. Para os pesquisadores, a última estiagem foi tão agressiva para o rio que a fauna só vai ser recuperar após três anos de chuvas normais.

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