As chuvas abaixo da média histórica no mês de janeiro, na região das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), podem pôr em risco o abastecimento dessa área do interior de São Paulo durante o período de estiagem, conforme alerta do Consórcio PCJ.
Em média, choveu 20% menos do que o esperado nas regiões de Campinas, Piracicaba, Jundiaí e Americana, abastecidas pelos rios da bacia. “Os rios estão com nível bem abaixo do que é esperado para o período de chuvas em que estamos. Se não houver muita chuva até abril, quando começa o período seco, vamos ter problemas”, disse a gerente técnica do consórcio, Andrea Borges.
Nessa região, 32 dos 58 municípios paulistas da bacia dependem também do Sistema Cantareira para abastecer suas captações, mas o volume do sistema está aquém do que deveria estar, segundo ela. “O Cantareira está na faixa de atenção, com 50,9% do volume útil, quando se esperava ao menos 60%. Houve época em que as represas, no período chuvoso, chegavam a transbordar, como aconteceu em 2010”, lembrou.
Neste mês, segundo ela, os Rios Jaguari e Atibaia, que recebem água do Cantareira, ainda estão acima do nível mínimo, mas a situação não chega a ser confortável. Nesta terça-feira, 13, o Atibaia, que abastece Campinas, estava com vazão de 13,49 metros cúbicos por segundo, menos de dois metros acima do mínimo de 12 m3/s, quando teria de ser aumentada a saída de água do Cantareira, conforme as regras da outorga atual.
Termômetro da situação hídrica da região, o Rio Piracicaba tinha vazão de 63,0 m3/s, bem abaixo da média histórica de fevereiro, de 200,4 m3/s. O que mais preocupa, segundo a técnica do PCJ, é a informação dos meteorologistas de que o fenômeno La Niña, responsável pelo tempo mais chuvoso, entrou em fevereiro perdendo força. “Não choveu praticamente nada este mês até agora, nem na região do PCJ, nem no Sistema Cantareira”, disse. A média de chuva do mês na região é de 203,4 milímetros.
A região do entorno de Campinas sofre com a falta de água desde 2014, quando a grande crise hídrica do Estado levou a maioria dos municípios a adotar o racionamento. Pontualmente, nos períodos de estiagem dos anos seguintes, algumas cidades tiveram de restringir a distribuição de água.
Conforme a técnica, o Consórcio PCJ orienta as prefeituras a investir em campanhas para redução de perdas, consumo consciente e, principalmente, em reservatórios para não depender apenas da calha dos rios para captação. “Enchente em área urbana não significa reserva hídrica. A água escorre e vai embora, não drena para o lençol freático. Pequenos reservatórios que acumulam água ajudam a abastecer os lençóis subterrâneos.”