O ministro da Saúde, Arthur Chioro, classificou nesta terça-feira, 11, como “surreal” e “patética” a reação das entidades de classe à criação do Cadastro Nacional de Especialistas. O banco de dados, previsto na lei que instituiu o Mais Médicos, visa a unificar informações sobre quem são e onde atuam profissionais que têm o título de especialista.
Para entidades médicas, no entanto, o texto do decreto que prevê a criação do Cadastro traz brechas para reduzir o poder das associações médicas e concentrar atribuições no governo na oferta de cursos. “Talvez as associações devam abrir o jogo e dizer qual o real objetivo dessa polêmica”, afirmou. “Não usem o cadastro como motivo de luta política”, emendou, pouco depois.
Semana passada, dias depois da publicação do decreto, sociedades de classe afirmaram que iriam à Justiça pedir a anulação do cadastro, cuja criação já havia sido determinada na lei do Mais Médicos. O presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso, informou que não participa mais de nenhuma negociação com o ministro. Ele alega quebra de confiança.
O ministro, por sua vez, afirmou que entidades médicas estão sempre convidadas a participar dos entendimentos. “Quando um não quer, dois não brigam. E eu quero paz”, afirmou. Ele disse ter estranhado o fato de representantes de entidades médicas terem alegado a falta de participação na construção do decreto do cadastro. “A criação do decreto já estava prevista na lei do Mais Médicos, todos acompanharam essa discussão”, disse o ministro.
Ele garantiu que o único objetivo do banco de dados é dar maior visibilidade sobre a distribuição de profissionais. “Atualmente, as informações não batem”, afirmou. “Estou aberto ao diálogo”, completou. Chioro assegurou que, qualquer que seja a avaliação das entidades, o cadastro estará em funcionamento dentro de 120 dias, prazo previsto no decreto.