Cientistas chineses desenvolveram um inibidor do vírus da zika que foi capaz de reduzir os níveis virais em camundongos gestantes e em seus fetos. Um artigo que descreve a descoberta foi publicado nesta terça-feira, 24, na revista científica Nature Communications.

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De acordo com os autores da pesquisa, o inibidor se mostrou seguro para o uso em camundongos gestantes e os resultados do experimento indicam que a droga poderia ser considerada para futuros testes pré-clínicos.

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O vírus da zika pode ser passado de uma mulher grávida infectada para o feto durante a gestação, com potencial risco de desenvolvimento de defeitos congênitos. Até agora não há vacinas ou drogas disponíveis para tratar a infecção.

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A equipe de cientistas liderada por Shibo Jiang, da Universidade Fudan, em Xangai (China), identificou uma droga que inativou determinadas partículas do vírus da zika e assim foi capaz de impedir sua entrada nas células.

Os cientistas mostraram que a droga reduziu a transmissão do vírus da zika para o feto. A molécula não apresentou efeitos adversos no camundongo gestante, nem nos filhotes, quando foi administrada durante a gestação.

Os autores afirmam que será preciso realizar mais estudos para avaliar a segurança e a eficácia do inibidor em humanos. Mas, segundo eles, a abordagem por meio da inativação de partículas do vírus poderia ser utilizada para desenvolver novos tratamentos para a infecção por zika em populações em áreas de risco, especialmente em mulheres grávidas.

A droga é um peptídeo sintético, batizado de Z2, que é derivado de proteínas de uma região específica do envelope do vírus, que tem um papel importante na sua capacidade de infectar as células do hospedeiro.

“Mostramos que o Z2 interage com as proteínas da superfície do vírus da zika e perturba a integridade da membrana viral. O Z2 pode penetrar na barreira da placenta e entrar nos tecidos do feto”, escreveram os autores.

Melhor opção. De acordo com Jiang, nos últimos anos o desenvolvimento de drogas a partir de peptídeos tem chamado atenção por causa da sua segurança e do custo mais baixo de desenvolvimento, em comparação com drogas com base em moléculas pequenas e em anticorpos.

Segundo Jiang, alguns compostos de moléculas pequenas já mostraram capacidade para inibir a infecção por vírus, mas a segurança para mulheres grávidas não foi comprovada.

Também já foram identificados em camundongos anticorpos capazes de neutralizar a infecção por zika, mas a eficácia foi relativamente baixa e esses anticorpos teriam que ser “humanizados”, o que é um obstáculo considerável para o desenvolvimento de uma droga anti-zika.

“Também já foi identificado um anticorpo monoclonal humano que neutraliza amplamente a infecção por algumas linhagens de zika, mas o alto custo pode limitar sua aplicação em países em desenvolvimento, como o Brasil”, disse Jiang.