Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que seu governo vai priorizar o desenvolvimento de uma política de complementariedade entre os países da América do Sul. Segundo ele, essa política vai permitir maior integração entre os países latinos e ampliar as negociações econômicas com o restante do mundo. “Eu não me conformo em saber que todos os países pobres são da América do Sul. Sempre estivemos de costas para este continente, olhando apenas para os Estados Unidos e a Europa. Precisamos parar com discursos teóricos e construir uma aliança entre nós”, disse Lula, ao participar, em Assis Brasil (AC), da solenidade de lançamento da pedra fundamental das obras da ponte que liga Brasil e Peru.
Lula afirmou que os governantes latinos não podem mais querer que seus países cresçam, do ponto de vista econômico e comercial, mais do que já cresceram, se não tiverem a ousadia de fazer uma política externa nova. Segundo o presidente, até agora, nem 10% do potencial comercial da América Latina foi utilizado. “Ficamos sempre subordinados às grandes potências. Nunca olhamos para as nossas fronteiras. Quando concluirmos a integração da América do Sul, faremos mais comércio, geraremos mais emprego e desenvolvimento”, disse ele.
Lula também criticou os governantes darem atenção apenas aos grandes centros urbanos. “Um dos problemas dos governantes é que eles não conhecem o país que governam. Muitas vezes, as pessoas ficam presas às capitais, atendendo apenas à demanda da burocracia. As pessoas não têm interesse de fazer esse trabalho na periferia. É muito mais cômodo ir para a capital”, afirmou o presidente
O presidente fez as declarações ao inaugurar a Ponte Wilson Pinheiro, que liga o município de Brasiléia, no Acre, à cidade de Cobija, na Bolívia. A obra custou mais de R$ 7 milhões e foi financiada pelo governo brasileiro. Com a nova ponte, espera-se facilitar a circulação dos moradores das duas cidades e aumentar o fluxo do turismo na região.
O presidente do Peru, Alejandro Toledo, pediu a Lula ajuda para implantação do programa Fome Zero em seu país. A informação foi dada pelo assessor especial da Presidência da República, José Graziano. De acordo com Graziano, agora, chanceleres dos dois países vão montar uma pauta comum sobre o assunto.