Tiroteios e exibição do poderio bélico dos traficantes marcaram o primeiro dia do cerco do Exército, da Polícia Federal (PF) e das polícias do Rio de Janeiro ao conjunto de favelas do Alemão, na zona norte da capital fluminense. Na Favela da Grota, os agentes ficaram a menos de cem metros de uma casamata que serviu de abrigo aos criminosos. Depois que pelo menos 200 traficantes fugiram da Vila Cruzeiro, na véspera, para o Alemão, a polícia calcula que pelo menos 500 bandidos estejam dentro do complexo. Um deles seria Fabiano Atanásio da Silva, o FB, chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV) na região.

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Os criminosos provocaram os policiais aos gritos: “Vou meter bala!”, berrou um deles. “É contigo mesmo!”, respondeu o agente federal. Os bandidos ainda expunham e apontavam fuzis em direção a um grupo de fotógrafos que registravam as cenas na Avenida Itararé, via que cruza várias comunidades do Complexo do Alemão, em desafio à investida militar. Quando viam que eram filmados, alguns bandidos debochavam da situação, colocando as armas para o alto e até simulando uma dança.

Ocorreram tiroteios nas favelas da Grota, Nova Brasília e Fazendinha. Antes de meio dia, um major do 16º Batalhão da Polícia Militar (PM) foi ferido levemente na cabeça, durante um confronto. Pela manhã, agentes da PF, além de militares e PMs, passaram a ocupar os acessos ao complexo e revistaram suspeitos, carros de passeio, kombis e motos que saíam e entravam.

Após a chegada de 800 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército para o cerco, ouviu-se outro intenso tiroteio, com mais de meia hora de duração. No confronto entre PMs e criminosos, até coronéis pegaram em armas para revidar os tiros.

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Durante todo o dia, helicópteros da Polícia Civil e Militar sobrevoavam as 18 favelas o Alemão. Houve disparos de criminosos contra as aeronaves. Nos acessos, as revistas causavam constrangimento a moradores que deixavam o local com medo de possíveis confrontos. Mulheres e crianças choravam quando eram abordadas.