O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chega hoje às 7h30 em Brasília para se reunir, no fim de semana, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, idealizador do “grupo de amigos” que pretende ajudar o país a sair da crise gerada por uma greve geral que se prolonga há sete semanas.
Brasília – A Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto informou que a chegada de Hugo Chávez inicialmente estava prevista para as 22h de ontem e que os dois presidentes se reunirão hoje. Chávez deve ir direto para a Granja do Torto, que foi a residência temporária do presidente brasileiro até a mudança para o Palácio do Alvorada. A hospedagem foi oferecida por Lula. Hoje, os dois chefes de Estado tomarão café da manhã juntos, mas o local do encontro ainda não foi divulgado.
A viagem surpresa de Chávez a seu contraparte brasileira foi anunciada de surpresa ontem durante discurso na Assembléia Geral venezuelana. “Ao terminar esta mensagem saio para Brasília para reunir-me com o presidente Lula, para continuar afinando a idéia que o Brasil bem assumiu, de formar um grupo de países amigos da Venezuela”, disse Chávez.
O presidente, que sobreviveu a um golpe de Estado de 48 horas em abril do ano passado, disse na quinta-feira nos EUA, após reunir-se com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que o grupo de amigos deveria ser ampliado para incluir países como Rússia, França, China e Argélia. De acordo com o ministro brasileiro, Chávez contará a Lula detalhes de seu encontro com Annan. Este será o terceiro encontro entre Chávez e Lula desde que o presidente brasileiro tomou posse, há 16 dias.
Em 2 de janeiro, em seu dia inaugural de trabalho no Palácio do Planalto, Lula teve como primeiro compromisso oficial um café da manhã com Chávez, que acabou chegando com quase uma hora de atraso, após ter passado a madrugada conversando com o colega cubano, Fidel Castro. Há dois dias, Lula e Chávez voltaram a se falar pessoalmente, no Equador, para onde viajaram com o objetivo de assistir à posse do presidente Lucio Gutiérrez.
Lula aproveitou a presença de vários presidentes sul-americanos e de outras autoridades estrangeiras para alinhavar a proposta de formação do grupo de amigos da Venezuela. O novo grupo, formado por Brasil, Estados Unidos, México, Chile, Espanha e Portugal, coordenará suas atividades com a Organização dos Estados Americanos. Apesar de seu papel de liderança na iniciativa, o pesidente brasileiro esclareceu que não terá papel intervencionista na Venezuela e que qualquer idéia só será posta em prática com a aceitação de Chávez.
Enquanto isso, os Estados Unidos insistem em um acordo urgente para antecipadar as eleições na Venezuela, como única maneira de superar a crise no quinto maior exportador mundial de petróleo. Esta informação foi divulgada na noite de quinta-feira por uma fonte do Departamento de Estado dos EUA. Curtis Struble, secretário-assistente-interino para o Hemisfério Ocidental.