O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusou, mais uma vez, o Congresso brasileiro de atrasar a votação da entrada do país no Mercosul por submissão aos interesses dos Estados Unidos. Chávez disse que não vai se ?arrastar e implorar? pela aprovação, e foi explícito ao acusar o Legislativo brasileiro: ?Estou seguro de que é a mão do império, a mão norte-americana (a culpada pelo atraso).? Para evitar a imprensa e não ter de comentar declarações de Chávez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou no hotel de Manaus pelos fundos.
Em junho, o presidente venezuelano já tinha feito um ataque nos mesmos moldes, chamando o Congresso de ?papagaio dos EUA?. ?Que triste para o povo brasileiro! Minhas condolências para esse povo que não merece isso?, disse na oportunidade.
Os dois presidentes encontraram-se em Manaus para tratar de assuntos da relação bilateral. Ao fim de uma longa reunião, Lula também não comentou as declarações de Chávez, deixando o assunto por conta do chanceler Celso Amorim. ?A expectativa é de que o protocolo de adesão ao Mercosul seja aprovado pelo Congresso até novembro, mas isso não é uma nota promissória?, disse Amorim.
Ao chegar a Manaus, Chávez se disse perplexo com o atraso do Congresso brasileiro em aprovar o protocolo de adesão plena de seu país ao Mercosul – o protocolo está na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Ele disse que a Venezuela pode esperar até ?um limite digno,? mas não vai se ?arrastar? para conseguir a adesão.
Segundo o Itamaraty, no encontro Lula-Chávez foi tratado apenas superficialmente do apoio brasileiro às negociações envolvendo Venezuela, Colômbia e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O presidente venezuelano está tentando mediar a troca de 45 reféns em poder das Farc por cerca de 500 guerrilheiros presos pelo governo colombiano. Amorim manteve a oferta de sediar em território brasileiro um possível encontro de Chávez com as Farc.
