Chacina de Vigário Geral tem novo júri

Rio de Janeiro – Dois acusados de ter participado na Chacina de Vigário Geral, em que 21 pessoas morreram, estão sendo julgados pelo 2.º Tribunal do Júri. Durante o julgamento, que começou por volta das 9h30 de ontem, os ex-policiais militares Paulo Roberto Alvarenga e José Fernandes Neto alegaram inocência. Ambos já foram julgados e condenados anteriormente, mas entraram com recurso.

O julgamento foi interrompido entre 13h e 14h para o almoço, e continuou com depoimentos de quatro testemunhas do processo, a pedido da Defensoria Pública.

O primeiro a prestar depoimento foi Paulo Alvarenga. Ele negou a participação nos crimes e disse não conhecer as vítimas, nem saber quem foram os responsáveis pelo crime.

Segundo o ex-policial, no dia do crime, 30 de agosto de 1993, ele chegou em casa por volta das 19h30 e só saiu no dia seguinte, para trabalhar, por volta das 8h. Ele explicou que, no dia da morte dos dois policiais, um dos possíveis motivos da chacina, estava de serviço e que sua viatura foi a primeira a chegar no local do crime. Sendo assim, registrou a ocorrência, aguardou a perícia e a retirada dos corpos. Ainda de acordo com o ex-policial, ele foi ao enterro do sargento Ailton, no Cemitério de Inhaúma, e depois voltou para casa.

Em seu depoimento, Paulo Alvarenga disse que pode estar sendo acusado pelo crime por sua proximidade profissional com o sargento Ailton.

Para justificar o tempo que passou foragido, ele disse que ?não se evadiu quando esteve preso?, tendo sido libertado por alvará de soltura, em 7 de setembro de 2001 e só vindo a saber, em 2002, que a decisão havia sido cassada. Ele disse que não se apresentou de imediato em razão das necessidades materiais pelas quais sua família passava.

O acusado disse que conhecia Neto e Ivan Custódio e que sabia que ambos tinham uma sociedade de pesca, sem muitos detalhes. O depoimento durou cerca de 50 minutos. No primeiro julgamento, Alvarenga foi condenado a 449 anos e 8 meses de reclusão, mas teve a pena reduzida para 57 anos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

José Fernandes Neto foi o segundo a prestar depoimento e também negou qualquer participação no crime. Ele disse que foi preso em 3 de setembro de 1993 e que, desde então, nunca foi solto. Disse que respondeu por 11 processos, mas foi absolvido de todos eles.

Em seu depoimento o ex-policial disse que já trabalhou como segurança particular e também constituiu sociedade informal num barco de pesca com Ivan Custódio e o sargento Ailton. Segundo ele, os três chegaram a ter três barcos, que ficavam aportados em Sepetiba ou Angra. A sociedade, segundo ele, durou cerca de dois anos.

Neto afirmou que, após o enterro dos quatro policiais militares foi para a festa de uma amiga, de nome Simone, chegando lá por volta das 19h30 e ficando até as 21h. Depois, foi para a casa do seu filho, em Marechal Hermes, e em seguida, para a sua, já que estaria de serviço no dia seguinte.

O ex-policial disse que era separado e que morava com a mãe, na época, mas que ela não viu o horário em que chegou. Ele justificou a dispensa de um advogado em seu julgamento anterior, em 20 de setembro de 2000, por discordar da sua tática de defesa. Neto foi condenado no primeiro júri a 45 anos de reclusão, mas também recorreu.

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