O Conselho Federal de Medicina (CFM) voltou a criticar a decisão do governo brasileiro de autorizar a entrada de 6 mil médicos formados em faculdades cubanas, sem revalidação do diploma estrangeiro. “É temerário e traz grandes riscos à população”, avaliou o presidente em exercício, Carlos Vital. Para ele, esses profissionais são formados “em escala industrial e sem qualidade”.
“Uma política que supõe a premissa de 6 mil médicos de Cuba sem revalidação de diploma é absolutamente incoerente. Só podemos encontrar explicação em fins eleitoreiros. Não há outra explicação”, afirmou. Ele classificou a medida do governo como ilegal, já que hoje os médicos formados no exterior que desejam atuar no Brasil precisam fazer o Revalida, que é uma prova de revalidação do diploma.
No ano passado, 182 profissionais que estudaram em faculdades cubanas se inscreveram para revalidar seus diplomas no Brasil, e apenas 20 foram aprovados. Em 2011, dos 140 inscritos, 15 passaram. O total de médicos com diplomas estrangeiros inscritos para a revalidação em 2012 foi de 884, dos quais 77 foram autorizados a atuar no País.
O governo brasileiro anunciou na segunda-feira, 6, que se prepara para trazer 6 mil médicos cubanos para trabalhar no interior do Brasil. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, depois de um encontro com o chanceler de Cuba, Bruno Rodriguez. Patriota afirmou que a medida será tomada devido ao déficit de profissionais de medicina no Brasil. A intenção do governo é levar os cubanos para trabalhar em cidades do interior do Brasil onde hoje não há atendimento e onde os médicos do País não querem trabalhar.
Vital alega que mesmo os profissionais estrangeiros não têm se fixado no interior. Segundo ele, dos quase 7 mil médicos estrangeiros que revalidaram diplomas no Brasil nos últimos dez anos, 42% estão no Estado de São Paulo. Sobre as críticas de que o interior do País não é assistido pelos profissionais formados no Brasil, Vital diz que é devido à falta de infraestrutura e afirma ser necessária uma política de fixação, de longo prazo.
Questionado se não seria melhor que as cidades do interior recebessem esses médicos com diplomas estrangeiros, em vez de não ter nenhuma assistência, ele afirmou que não. “A pseudo assistência é mais grave que a falta de assistência. Quando você não tem um médico na sua cidade, pode buscar na cidade ao lado e ter um médico de qualidade adequada”, justificou.
Vital também é contra a possibilidade de esses médicos trabalharem com supervisão, como em programas de estágios. “Não importa se o médico vem fazer estágio ou trabalhar com contrato, ele vai exercer a medicina e precisa ter seu diploma revalidado”, afirmou. “Não somos contra o exercício no Brasil de médicos formados no exterior, apenas exigimos que eles sejam avaliados.”