Cetesb intensifica avaliação de praia poluída

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) anunciou ontem que realizará, pela primeira vez, um estudo sobre a variedade de microrganismos presentes nas águas de praias que passam a maior parte do ano poluídas e que podem causar doenças. Entre o fim do ano passado e o início deste mês, unidades de saúde do litoral paulista relataram aumento de casos de diarreia.

O órgão mede a balneabilidade das praias a partir de verificação da presença no mar do enterococo – bactéria presente nas fezes e indicadora de que as águas estão contaminadas por esgoto. No novo estudo, diz a bióloga Débora Orgler, do setor de águas superficiais da companhia, a ideia é verificar, em um período, outros agentes que geram doenças e sua relação com quadros apresentados pelos banhistas. “Dependendo do que for observado haverá continuidade ou não (das análises).”

Análise de amostras de água de duas praias – José Menino, em Santos, e Astúrias, no Guarujá -, apresentada ontem pela companhia, não revelou a presença de norovírus, microrganismo que pode levar a problemas gastrointestinais. O norovírus foi o responsável por um surto de diarreia em Olímpia, no interior de São Paulo. A Cetesb ainda não tem resultados conclusivos sobre a presença do enterovírus, que causa o mesmo tipo de problema. O resultado definitivo só deve sair em um mês.

Entretanto, de acordo com Débora, as análises têm sido feitas a partir de amostras de água do mar retiradas apenas no dia 13 de janeiro e não em um período maior de tempo.

Assim, como as amostras são pouco representativas, não encontrar os vírus não significa que as praias estavam livres dos microrganismos.

Diante do número pequeno de exemplares da água colhido, somente se for encontrada grande contaminação por enterovírus, por exemplo, as autoridades de saúde poderão fazer relação da contaminação com o aumento dos casos de diarreia.

Apenas alguns tipos de doenças diarreicas são de notificação compulsória, caso do cólera, o que torna difícil dizer se o número de casos deste ano é significativo. As autoridades só comunicam casos ao Ministério da Saúde quando os quadros diarreicos apresentam um perfil mais grave que o comum, com internações e mortes.

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