São Paulo
? O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, declarou à Receita Federal que um de seus imóveis, avaliado em R$ 40 mil por especialistas, valeria apenas R$ 1, segundo reportagem da revista IstoÉ que está saindo esta semana. Esta é apenas mais uma da série de denúncias de sonegação fiscal envolvendo a principal autoridade monetária do País.O terreno teria 34 mil metros quadrados, estaria registrado no 3.º Ofício de Vassouras, no Rio de Janeiro, e teria sido vendido pelo advogado aposentado Geraldo Gonçalves de Sá por R$ 0,01. A certidão informa que o valor é simbólico. O pagamento teria sido feito em 22 de março de 1989. No entanto, Meirelles só teria registrado o imóvel em seu nome nove anos depois, no dia 26 de fevereiro de 1998.
Além disso, Meirelles teria, ainda segundo a IstoÉ, declarado ao Imposto de Renda em 2001 e 2002 que o terreno valeria só R$ 1, pouco mais do que o preço simbólico pago ao advogado (R$ 0,01). Especialistas tributários ouvidos pela revista disseram que só em caso de herança, legado ou doação pode-se declarar um valor simbólico.
No entanto, segundo o advogado Gonçalves de Sá, 76, que vendeu o terreno, Meirelles teria pago preço de mercado, em dinheiro, por meio de uma depósito no Banco Mercantil de São Paulo declarado ao Imposto de Renda. Procurado pela revista anteontem, a assessoria de imprensa do BC informou no final da noite que não havia tido tempo para avaliar a nova denúncia para comentá-la.
No entanto, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, partiu em defesa do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao dizer que ele é, hoje, “uma pessoa mais forte do que antes” das denúncias sobre suas declarações de bens ao Fisco. “Meirelles demonstra, por sua serenidade, por sua seriedade, pela postura de homem público, que é a pessoa que o Brasil precisa para um BC forte e adequado”. Palocci frisou que o governo “não está pensando em outra atitude diferente” da que vem tomando, de apoio integral a Meirelles e também ao presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb. “O governo dará todo apoio pessoal e profissional aos presidentes do BC e do BB”, sublinhou. “Eles fizeram afirmação cabal de que seus ganhos são formais, registrados, terão sempre apoio integral do governo.”