Brasília – Cerca de 10% das crianças que freqüentam a primeira série do ensino fundamental possuem algum tipo de deficiência visual. A estimativa é do Ministério da Educação, que fez o levantamento para o programa de distribuição gratuita de óculos, batizado de “Olho no Olho”, que já examinou três milhões de estudantes em todo país. ?Nós estimamos que 300 mil desses alunos precisarão ser consultados por um oftalmologista com o objetivo de detectar a necessidade de se usar óculos?, disse o diretor de Programas e Projetos Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE), Antônio Coimbra.
O prazo para que as secretarias estaduais de Educação entregassem ao Ministério da Educação os relatórios com os dados das crianças terminou hoje. De acordo com Coimbra, mesmo com atraso, é importante que as informações sejam repassadas o mais rápido possível ao MEC. ?O prazo neste ano está maior que a nossa expectativa, até por causa dos atrasos dos professores e das escolas que ainda não nos enviaram o material. Mas a qualquer momento que for enviado será bem-vindo, porque, com certeza, estará ajudando a resolver o problema?, assinalou o diretor.
Neste ano, o FNDE gastou cerca de R$ 11 milhões com o “Olho no Olho” e, no ano que vem, a intenção é estender o programa para estudantes de outras séries.
De acordo com a diretora da Escola Classe 47, da cidade-satélite de Ceilândia, localizada a 35 quilômetros de Brasília, Andréa Faria, a falta de interesse nas aulas é um dos principais sintomas de dificuldades visuais. ?No primeiro momento, a criança apresenta um certo desinteresse. Às vezes colocamos o aluno para frente da turma e, mesmo assim, ele não consegue copiar direito do quadro?, disse.
Segundo Andréa Faria, quando o problema é detectado, a família é avisada e, caso não tenha condições de levar a criança ao médico, a própria escola encaminha o aluno para um exame que é feito por intermédio da Secretaria de Educação. ? A partir daí, nós buscamos a Regional de Educação e lá é marcada a consulta para atendimento e recebimento da receita. Se o pai tiver condição, ele compra, senão a própria Secretaria encaminha os óculos para as escolas?, informou a diretora.