Fortaleza – A Assembléia Legislativa do Ceará cassou ontem, por 42 votos a favor, um contra e uma abstenção, o mandato do deputado estadual Sérgio Benevides (PMDB). Genro do prefeito de Fortaleza, Juraci Magalhães (PMDB), Benevides é acusado de participar de um esquema de corrupção que teria desviado R$ 1,8 milhão. O dinheiro seria destinado, pelo governo federal, para a compra da merenda escolar da rede municipal entre 1998 e 2000. Faltaram à sessão o líder do PMDB, Pedro Uchoa, e Benevides.
Ele foi chamado três vezes pela Assembléia Legislativa, antes de ter o mandato anulado, em votação secreta. Benevides teria o direito de apresentar a defesa durante 45 minutos, durante a sessão, que foi aberta e concorrida. Na vaga do deputado estadual do PMDB do Ceará, assume o primeiro suplente, Manoel Duca (PMDB), prefeito eleito de Acaraú (CE). A partir do dia 1.º, quando ocorre a posse dos novos prefeitos, assume o segundo suplente, Manuel Castro Neto (PMDB).
Em julho de 2003, o deputado estadual do PMDB livrou-se da cassação em outra votação secreta. O caso foi parar na Justiça e a sessão realizada ontem foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Benevides também é acusado de desviar R$ 164 mil da Fundação de Cultura, Esportes e Turismo (Funcet) da capital cearense. O dinheiro seria usado em duas festas populares.
Da votação de ontem, participou a candidata a prefeito de Fortaleza Luizianne Lins (PT). Luizianne deixou de ir a um debate, que seria realizado no mesmo horário, na Rádio AM do Povo, para votar a favor da perda do mandato do deputado estadual. Ela é acusada pelo candidato a prefeito Moroni Torgan (PFL) de ser “a candidata de Juraci”. Magalhães termina o terceiro mandato desgastado com as denúncias envolvendo Benevides.
Ontem, durante o debate na TV Jangadeiro (retransmissora do Sistema Brasileiro de Televisão), Luizianne negou que é apoiada pelo prefeito de Fortaleza e, como prova disso, votaria ontem, mais uma vez, a favor da cassação de Benevides. A candidata do PT a prefeito de Fortaleza, no entanto, afirmou que não recusaria o voto de Magalhães, nem do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e nem o do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. Eles declararam voto em Luizianne, mas não se engajaram na campanha dela. O PMDB do prefeito e o PSDB de Jereissati liberaram as bases. O PPS de Ciro uniu-se a ela no segundo turno, mas ele se mantém longe da campanha, que tem sido reforçada pela ex-mulher, a senadora Patrícia Saboya (PPS-CE).
