A Justiça mandou a Polícia Federal (PF) devolver todos os documentos confiscados durante a Operação Castelo de Areia no escritório do Instituto WCF-Brasil, ligado ao Stiftelsen World Childhood Foundation (WCF) – organização não-governamental (ONG) criada pela rainha da Suécia, Silvia, para combater o abuso sexual infantil. Instalado no 13º andar do prédio sede da Camargo Corrêa, alvo maior da operação, que investiga suposto esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, o instituto sofreu uma devassa da PF na manhã de 25 de março, quando a ação foi deflagrada.

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Munidos do mandado de busca 40/09, expedido cinco dias antes pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, os federais vasculharam os andares ocupados pela empreiteira na Vila Olímpia. O arrastão chegou às dependências do WCF, provocando impasse entre os policiais sobre a extensão da ordem judicial. A ONG da rainha aluga uma parte do 13º andar e não tem qualquer vínculo com a construtora. A PF comunicou o magistrado sobre a necessidade de ampliar a inspeção ao pavimento inteiro. Novo mandado, 45/09, foi despachado e encaminhado por fax ao local onde se encontrava a equipe SP 02.

Na quinta-feira da semana passada, antes de viajar para Lyon, na França, onde participa de reunião do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), o juiz De Sanctis mandou a PF restituir a papelada ao WCF, braço da fundação em São Paulo. Amparado em manifestações da Procuradoria da República e da própria PF, o magistrado reconheceu que os documentos da ONG não guardam relação com a Camargo Corrêa nem com os executivos da empreiteira que estão sob investigação.

De Sanctis acolheu pedido dos advogados do WCF, que se insurgiram contra a blitz e apontam “ilegalidade, arbitrariedade, impertinência, despropósito e descabimento do ato”. Segundo o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, “é certo que o instituto e suas dirigentes jamais poderiam ter sofrido tamanho constrangimento simplesmente por ocuparem um recinto do mesmo prédio comercial da investigada Camargo Corrêa”. “A invasão foi ilegal”, protesta Mariz. “A autorização era para outra pessoa jurídica.”

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