Cássio Casseb: governo é muito lento. |
Brasília – O presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, é outro que está deixando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi confirmada ontem, pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci. No lugar de Casseb ficará interinamente, Rossano Maranhão Pinto, presidente do conselho do BB, e vice-presidente da área internacional e de atacado do banco.
"Apesar do apelo de Lula, que o considera um de seus melhores quadros, Casseb quer sair. Acostumado com a iniciativa privada, não está satisfeito com o ritmo lento das decisões na administração pública", dizia uma nota no final da semana passada, no jornal O Globo, explicando as razões que levaram Casseb a jogar a toalha e cair fora do governo federal.
O engenheiro Cássio Casseb se formou no mercado financeiro e participou do Conselho de Administração de diversas empresas, até asssumir a presidência do Banco do Brasil, aos 47 anos, em janeiro de 2003. O último trabalho no mercado financeiro foi no Banco Fibra, braço financeiro do Grupo Vicunha, de Benjamin Steinbruch. O primeiro, foi no BankBoston, para onde foi convidado pelo atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Ao lado de Meirelles, Casseb enfrentou acusações da imprensa este ano, sempre respondendo com discrição e sendo amparado pela cúpula do governo, que a cada crise reiterou a confiança em sua integridade e abafou as pressões para prestar contas ao Congresso.
A primeira das crises foi no fim do primeiro semestre, sobre a compra pelo Banco do Brasil de ingressos para um show da dupla Zezé di Camargo e Luciano, cuja renda seria para a aquisição da nova sede do PT, em São Paulo. Casseb admitiu que a instituição errou ao não devolver os ingressos, que custaram R$ 70 mil. O diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato, envolvido na compra, acabou tendo sua diretoria esvaziada e passou a ser obrigado a prestar contas mensalmente, das decisões de seu setor.
Na última semana de julho, Casseb foi alvo de denúncias sobre irregularidades na prestação de contas e movimentações financeiras no exterior não declaradas ao Fisco. Em agosto, foram divulgadas denúncias de que o BB leiloou uma área abaixo do preço de mercado em São Caetano do Sul (SP), no ano passado. Em nota, o banco informou que a decisão de venda do terreno foi tomada na gestão anterior, e não durante a presidência de Casseb. No ano em que Casseb assumiu o cargo, o Banco do Brasil obteve um lucro líquido de R$ 2,38 bilhões, valor 17,4% superior aos R$ 2,03 bilhões registrados em 2002. Rossano Maranhão, presidente interino, é funcionário de carreira do banco. Começou no BB em 1976. Foi um dos dois diretores que permaneceram na instituição após o presidente Lula assumir o governo.