A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que o número de casos de demência entre os idosos irá mais que dobrar até 2050. Na América Latina, o crescente envelhecimento da população pode fazer esse aumento ultrapassar os 500%. Entre as doenças que provocam demência na população idosa, o Alzheimer é a mais comum. A estimativa é de que a doença atinja hoje 1,2 milhão de pessoas com mais de 65 anos no Brasil. E o número de casos vai mais que dobrar até 2030, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz).

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As informações foram divulgadas por especialistas nesta quarta-feira, 8, em conjunto com o lançamento de uma série de vídeos da entidade, cujo objetivo é alertar a população para a necessidade de um diagnóstico precoce da doença. O material se destina a cuidadores e familiares, mas deve servir de base para uma proposta de campanha pública que a Abraz pretende levar ao governo.

No País, mais da metade dos idosos brasileiros com Alzheimer ainda não sabe que possui a doença e, entre os pacientes diagnosticados, apenas um em cada quatro recebem o tratamento adequado. “Em todo o mundo, há um aumento de 4,6 milhões casos de Alzheimer por ano, sendo que menos de 50% dos pacientes com a doença têm o diagnóstico. Dessa parcela, novamente apenas metade recebe o tratamento, que frequentemente é insuficiente. Essa também é a realidade do Brasil”, afirma o neurologista da Escola Superior de Medicina de São Paulo da Unifesp, Paulo Bertolucci.

A doença de Alzheimer (DA) é descrita clinicamente como uma demência degenerativa primária. Devido ao acúmulo anormal de uma proteína existente no cérebro, a DA provoca a formação de placas senis que prejudicam a atividade dos neurônios (as sinapses) e ocasionam a morte dessas células. O principal sintoma da doença é a perda progressiva das funções mentais. “A doença não tem cura, mas o tratamento nas fases iniciais da doença pode postergar em anos os sintomas e complicações “, afirma Fernanda Paulino, presidente da Abraz

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Diagnóstico e Tratamento

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O tratamento do Alzheimer consiste tanto no uso de medicamentos como na estimulação física, intelectual e social dos pacientes. Não há como prevenir a doença. De acordo com os especialistas, é possível apenas combater alguns fatores de risco e o baixo nível de atividade intelectual é um dos mais importantes, depois da idade. “Muitos estudos comprovam que idosos que mantêm atividades intelectuais frequentes, como jogar dama ou xadrez, apresentam menor incidência de Alzheimer do que aqueles que não fazem exercícios mentais”, explica Bertolucci.

O neurologista também explica que a doença de Alzheimer tem, antes da fase inicial, uma etapa silenciosa. Nessa fase, que pode ser detectada em exames de tomografia, o acúmulo de proteína que causa a perda de neurônios já acontece, mas não gera sintomas. “Quanto mais cedo é iniciado o tratamento, menor a velocidade de evolução da doença. O problema então é de diagnóstico precoce.”

Para Bertolucci, a complexidade do diagnóstico faz tanto os doentes e seus familiares quanto os próprios profissionais de saúde retardarem o início dos cuidados. Segundo ele, a maioria dos tratamentos no Brasil começam quando o “estrago” já está feito. Fernanda Paulino acrescenta que a perda de memória é comumente atribuída à idade e isso também prejudica o diagnóstico.

Fases

Segundo o Ministério da Saúde são quatro as fases da DA. Na etapa inicial, os principais sintomas são a perda de memória e a mudança drástica de humor e personalidade. Na segunda fase, há prejuízo na execução de atividades rotineiras – como ir e vir sozinho dos lugares – e o paciente necessita de monitoramento, pois pode se colocar em situações de risco. A perda total de capacidades e funções simples, como tomar banho, marcam a terceira fase da doença. No estágio final, há perda praticamente total das lembranças e de capacidades motoras.

“Falhas de memória todos têm, desde uma criança até um idoso, e as causas são diversas. Um sinal de alerta (para Alzheimer) é quando essas falhas se tornam mais severas e frequentes, que acabam afetando o cotidiano da pessoa”, diferencia o neurologista.

Não lembrar de um compromisso agendado é algo corriqueiro para a maioria das pessoas nos dias atuais, mas no caso de pessoas com Alzheimer não ocorre só o esquecimento do horário. Elas não lembram sequer de tê-lo marcado. É como se isso nunca tivesse acontecido. Esse, segundo Bertolucci, é o momento de procurar um especialista.